Título: A única verdade
Autor: Anna Quindlen
Título original: One True Thing
Ano de publicação original: 1994
Editora: Quetzal
Ano: 1999
Tradução: Irene Daun e Lorena e Nuno Daun e Lorena
Páginas: 328
ISBN: 972-564-391-7
Sinopse: “Ellen Gulden era uma jovem jornalista que comia ambição ao pequeno-almoço – e quem quer que se lhe metesse na frente ao almoço – até ao dia em que deixou Nova Iorque e a carreira e voltou à sua pequena cidade natal para cuidar da mãe, que estava a morrer, e provar ao pai e a si própria que tinha coração.
Cinco meses mais tarde, comparecia perante um Grande Júri, acusada de ter morto a mãe e disposta a assumir a responsabilidade por um ato que não cometera.
A Única Verdade, de Anna Quindlen, jornalista galardoada com o Prémio Pulitzer, é um romance de paixão e inteligência, simultaneamente absorvente, dilacerante e apesar de tudo positivo. É uma história de mães e filhas, de amor e perda, e também de escolhas dramáticas que podem transformar – ou destruir – vidas.”
Opinião da Angélica Fidalgo: Provavelmente, nunca teria lido este livro, se não se desse o acaso de o ter ganho num passatempo. Desconhecia a autora, nunca ninguém me falara dele, não consta da minha lista de livros que quero ler. Comecei por ler a sinopse. Se o primeiro parágrafo me afastaria do livro, caso o descobrisse numa livraria, o último, sobretudo a última frase, levar-me-ia a considerar lê-lo.
A verdade é que gostei. Não foi uma leitura que me tenha arrebatado, mas mesmo assim, conseguiu prender-me e comover-me.
Ellen Gulden vê a sua vida abalada com a notícia da doença da mãe e a imposição por parte do pai de ter que a acompanhar nos derradeiros meses.
A princípio, Ellen encara este acontecimento como uma interrupção da sua vida, que retomará quando tudo passar. Também o leitor é levado neste equívoco, como se a vida de Ellen (ou de alguém) pudesse ficar pendente enquanto outras coisas vão acontecendo fora dela. Acontece que tudo o que vive nesses meses a transforma, de forma indelével, porque tudo isso é a sua vida. Podemos mesmo dizer, penso eu, que os traços psicológicos de Ellen se alteram no contacto com a mãe e com a doença que, aos poucos, mas impiedosamente, a devora. Não que Ellen seja uma pessoa, no início, e passe a ser outra totalmente diferente. A autora não seria assim tão ingénua, tentando impor-nos mudanças que na realidade não acontecem. Mas a evolução existe e é importante, no meu entender.
Durante a leitura, marcou-me mais o relacionamento entre Ellen e a mãe, as relações familiares que se estabelecem e a forma como a doença é descrita, do que propriamente a acusação que recai sobre Ellen e a tensão até nos ser revelado se é considerada culpada ou não. Impressiona o modo como o cancro é abordado, à medida que vai deteriorando o corpo e esquecendo a alma, quase que sentimos a dor física de sua mãe e o seu desespero final. E, no entanto, é esta infelicidade que dá a Ellen e à mãe a oportunidade de conviverem, partilharem o seu tempo e se conhecerem.
Porque o livro nos leva a questionar e a refletir sobre a morte, a doença, o modo como cada pessoa encara estas inevitabilidades, as relações familiares (levantando também outras questões, embora de modo subtil, como a eutanásia), vale a pena.
Obrigada Angélica pela partilha, é o facto de existirem seguidores assim que nos faz acreditar que vale a pena continuar.
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