sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Costa Book of the Year - Hilary Mantel
A escritora inglesa, que para muitos reinventou o romance histórico com o humor negro que todos lhe reconhecem, ganhou terça-feira, por unanimidade, o mais importante dos prémios da galáxia Costa, batendo os outros quatro concorrentes.
O romance que lhe valeu agora 30 mil libras (35 mil euros), o mesmo com que ganhou o seu segundo Man Booker no ano passado, é o segundo de uma trilogia que tem por pólo de atracção Thomas Cromwell, o filho de um ferreiro que ascendeu à condição de duque de Essex, tornou-se o braço direito de Henrique VIII e acabou no cadafalso.
A trilogia de Mantel, que neste segundo livro se centra, sobretudo, na figura de Ana Bolena, uma das muitas mulheres do rei de Inglaterra, e na sua família, foi já muito premiada. O livro que a abre, Wolf Hall (ed. Civilização), garantiu à autora o seu primeiro Man Booker. A sequela deu-lhe o segundo (foi a primeira mulher a receber esta distinção duas vezes), mais um Costa. O último, que vai chamar-se The Mirror & the Light e cuja publicação no Reino Unido está prometida para o próximo ano, gera, como seria de esperar, muitas expectativas.
Respondendo aos que a criticam por ganhar prémios de mais e abafar outros escritores talentosos, Mantel disse ao receber o prémio que não tenciona pedir desculpa. “Obrigada aos jurados por não terem deixado que ninguém lhes dissesse como deviam fazer o seu trabalho.” Em palco, e segundo a BBC, a escritora acrescentou ainda: "Não estou arrependida, estou feliz e farei questão de tentar escrever mais livros que mereçam mais prémios."
O júri dos prémios Costa, que anualmente distinguem livros de autores a viver no Reino Unido e na Irlanda, em cinco categorias (poesia, literatura infantil, biografia, romance e primeiro romance), precisou de uma hora para deliberar.
Aos jornalistas, a presidente do júri, Jenni Murray, revelou que chegou a ser tido em consideração que Bring Up the Bodies tinha já recebido o Man Booker, mas isso acabou por não pesar na hora de escolher o livro do ano. “Não podíamos permitir que o número de vezes que já foi premiado afectasse a nossa decisão”, disse Murray, elogiando a escrita de Mantel: “A sua prosa é tão poética, tão bela, tão inserida no tempo a que se refere que sabemos exactamente onde estamos e com quem estamos. Mas é também incrivelmente moderna. Moderna na sua análise da política. Todos sentimos que havia coisas [no romance] que tinham ficado na nossa cabeça e nas quais vamos pensar durante muito tempo.”
Na corrida ao livro do ano dos prémios Costa, Mantel deixou para trás James Meek, Stephen May e Joff Winterhart.
“Já escrevia há muitos anos e, ou não era sequer referida nos prémios, ou era uma eterna candidata”, disse Mantel, citada pelo diário britânico The Independent. “As coisas mudaram muito. Sinto que a minha sorte mudou, mas isso não é verdade. O que mudou foi aquilo em que estou a trabalhar” – a trilogia à volta de Thomas Cromwell, ministro de Henrique VIII quando o monarca decide romper relações com Roma para poder casar com Ana Bolena.
Apesar de estar já a escrever o último livro, Mantel garante que ainda não se cansou do protagonista: “Devia ter percebido que Thomas Cromwell era maior do que eu. É como se tivesse renascido com vontade de conquistar.”
Pela primeira vez na história dos prémios Costa, que começa em 1971 com os Whitbread Literary Awards, os vencedores nas cinco categorias são mulheres: o prémio para a biografia foi atribuído a um romance gráfico, Dotter of Her Father’s Eyes, escrito por Mary Talbot e com ilustrações do seu marido, Bryan; o romance de estreia distinguido pertence a Francesca Segal (The Innocents); Sally Gardner ganhou na literatura para crianças com Maggot Moon; e Kathleen Jamie na poesia com The Overhaul (cinco mil libras para cada).
Bring Up the Bodies vai ser publicado em Portugal pela Civilização esta Primavera.
Fonte: Público
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