O poeta desta semana é de Filipe Marinheiro. Deixo-vos um poema sem titulo, de que gostei bastante...
sem título 3
fecho os olhos
abro-me nos teus como uma balada impune no seu sangue
oscilante
entretido percorro-te, estremeço-me nas veias singulares
depois com a ponta da língua
afável caligrafia reponho as cordas giratórias
e andas no meu imenso chão
um chão embalado p'los nossos sorrisos de cetim
só teu, só meu a transformar-se
porém nunca a concluir ou terminar salvo esse romance
nada súbito a apertarem violetas durante
jactos perfumados
decerto uma bondade eterna
eis donde chegam os meus afectos
e nas artérias de seda cristal
crias novas meigas cores novos ligeiros ares
novos amantes tons
novos endurecidos ruídos
novo auroreal amor para eu continuar a ver
a ver-te debruçada sobre mar transparente
com veludo de orvalho entre os poros
a ver-nos encalhados continuando a moldar
brancos banhos
como numa nossa gargalhada
a dormir no cume de videntes astros adentro
só dessa maneira
estaremos destinados a tais grandes coisas
Filipe Marinheiro
(Poema extraído do livro “Silêncios” (2013), da Chiado Editora).
Filipe Marinheiro nasceu em Coimbra a 30 de Julho de 1982, embora resida em Aveiro. Em Dezembro de 2013, publicou o seu segundo livro, “Silêncios”. Em Março do mesmo ano publicou "Um Cândido Dilúvio * Acto I / Sombras em Derivas * Acto II", ambos da Chiado Editora.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
http://palavracomum.com/2014/01/22/filipe-marinheiro-silencios/ (entrevista + poemas)
Parabéns, Filipe Marinheiro. Que o mar da Poesia esteja sempre activo, com ondas de sucesso, com sal quanto baste, para temperar com o maior êxito a Poesia.
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