Titulo: A Abadia de Northanger
Autor: Jane Austen
Titulo Original: Northanger Abbey
Ano de Publicação Original: 1818
Editora: book.it
Ano: 2011
Tradução: Mafalda Dias
Páginas: 254
ISBN: 9789898362582
Sinopse: “Quem tivesse visto Catherine Morland em criança nunca poderia supor que nascera para heroína.” Até receber o convite da família Allen para passar uns dias no balneário de Bath, em Inglaterra, a jovem Catherine sentia-se amaldiçoada pela sorte. Todavia, nas termas descobre um mundo até então desconhecido e deixa-se seduzir pelos longos passeios, pelas compras, pelo teatro e pelos bailes bem frequentados. Completamente rendida à vida mundana, Catherine faz-se amiga da bela Isabella Thorpe e perde-se de amores por dois dos mais distintos jovens da cidade: o simpático John Thorpe e o espirituoso Henry Tilney. Mas é na visita à Abadia de Northanger, propriedade ancestral dos Tilney, que a nossa heroína, fascinada pelos romances góticos, vai viver a sua maior aventura. Mergulhada no espírito sinistro da majestosa mansão e completamente toldada por visões romanescas, Catherine imagina crimes, mistérios e conspirações. Serão as suas fantasias verdadeiras?
Opinião: A minha relação com Jane Austen, pelo menos até agora, era no mínimo peculiar. Isto porque apesar de ter visto várias adaptações cinematográficas e televisivas das suas obras e ter gostado bastante de algumas, nunca tinha lido nada da autora. E mais peculiar ainda se considerarmos que tenho nas minhas prateleiras os seus seis romances, apesar de que este foi o único que comprei. Os restantes foram herdados, trocados, etc...
Sem que vos possa dar uma explicação lógica para tal, o facto é que apenas agora me apeteceu ler um dos seus livros. Assim, devido a nunca ter visto uma adaptação deste A Abadia de Northanger, e como tal não conhecer a história, foi o escolhido. Desconhecia quando comecei a leitura que apesar de ser um livro publicado postumamente, na realidade foi o primeiro que Jane Austen escreveu, entre 1798 e 1799 e inicialmente intitulado Susan.
Começo por vos falar da história em si, já que a sinopse, apesar de ser a transcrição da contracapa da edição que possuo, possui algumas falhas ao ponto de me fazer pensar se quem a escreveu terá lido o mesmo livro que eu. A verdade é que apesar dos acontecimentos serem mais ou menos os descritos, nunca achei que Catherine se sentisse amaldiçoada pela sorte e muito menos rendida à vida mundana. Pior do que isto é que em parte alguma do livro Catherine se perde de amores por John Thorpe, que de simpático tem muito pouco.
Tendo em conta as incongruências da sinopse e juntando-lhe vários erros e tradução e gralhas de revisão, esta é uma edição fraquita. Sei que as edições book.it são edições a preços simpáticos, mas isso por si só não justifica as falhas, e faz-me pensar se as restantes que ainda tenho por ler não estarão nas mesmas condições.
Voltando à história do livro, não conseguiu de todo entusiasmar-me ou mesmo envolver-me. Catherine, a heroína como lhe chama Austen, não passa de uma adolescente tonta mesmo para a época, integra é certo, mas definitivamente demasiado tonta. A história de amor é demasiado simples, morna, sem percalços nem emoção. As personagens são lineares, pouco aprofundadas, sendo a única excepção Isabella Thorpe, que consegue aproximar-se de uma verdadeira vilã. O final é previsível e demasiado apressado.
Gostei no entanto do uso de alguma ironia na escrita da autora, que se nota principalmente no primeiro capitulo na breve descrição da infância de Catherine, e da existência de algum debate sobre os géneros literários da época, o romance no geral e o romance gótico em particular. Mas isso por si só não me bastou para considerar este um bom livro. É possível que tenha sido uma má escolha para me iniciar na leitura de Jane Austen, talvez devido à sua relativa imaturidade quando o escreveu (23 anos) mas o certo é que não me deixou grande entusiasmo para ler os restantes.
Gosto de deixar excertos dos livros que leio, pelo que para este escolhi a passagem em que Henry tenta impressionar a imaginação demasiado fértil de Catherine:
"Não temos de apalpar o caminho até uma sala alumiada apenas pelo clarão mortiço das cinzas, nem somos obrigados a dormir no chão em quartos sem janelas, sem portas, ou sem mobília. Mas deve saber que quando uma rapariga vai viver pela primeira vez num edifício desses (seja por que motivo for), fica sempre longe do resto da família. Enquanto eles vão para uma das extremidades da casa, ela sobe com Dorothy, a velha governanta, uma escada diferente, através de muitos compartimentos escuros, e por fim entra num quarto que já não serve desde a morte de alguma prima ou de outro parente que morreu há vinte anos. É capaz de suportar isto? Não ficará cheia de pavor quando se vir assim num quarto sombrio, iluminado apenas pelos raios mortiços duma luz frouxa, com as paredes cobertas de tapeçarias com desenhos de figuras em tamanho natural, e a cama, de damasco verde-escuro ou de veludo vermelho, mesmo de aparência fúnebre? Tem a certeza de que não terá medo?" (pág.157)
Resumindo não achei que fosse um livro mau mas também consegui considerá-lo uma boa leitura nem recomendá-lo. Lê-se facilmente mas é uma história que com a mesma facilidade cairá no meu esquecimento.
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