Fico sempre muito satisfeita quando recebo o vosso parecer sobre os livros que ganham nos passatempos aqui do blogue. Hoje recebi mais uma (já são 4, maravilha) da Diana Ponte que ganhou o primeiro Aconteceu a... e recebeu o livro Kafka à Beira-Mar de Haruki Murakami.
Titulo: Kafka à Beira-Mar
Autor: Haruki Murakami
Titulo Original: Umibe no Kafuka
Ano de Publicação Original: 2002
Editora: BIS
Ano: 2014
Tradução: Maria João Lourenço
Páginas: 592
ISBN: 9789896603151
Sinopse: Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, e Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial.
Trata-se de uma clássica e extravagante história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.
Opinião da Diana Ponte: Duas personagens de diferentes gerações, que não têm qualquer ligação em comum e que não se conhecendo pessoalmente, as suas vidas de certo modo se cruzam.
Acompanhamos a fuga e os dilemas de um ('Kafka') e, no oposto, o alheamento ao mundo do outro, que aceita a sua vida e "missão" sem questionar (Nakata). Acrescem, ainda, as pequenas histórias das restantes personagens.
É um livro rico e complexo que aborda diversos temas. Mas, penso que se trata sobretudo de uma jornada espiritual, uma busca de sentido da vida. Nesse aspecto o desprendimento e, simultaneamente, a 'entrega 'de Nakata foi o que mais me fascinou.
Pessoalmente, conhecendo gradualmente a história de vida de cada personagem, as mais ou menos importantes, marcou-me o "vazio" patente na vida de grande parte delas, o estado de "à deriva" que cada um sente dentro de si (apercebendo-se ou não).
Quando o vazio impera no interior vai-se ao sabor da maré, porque nada nos impele, somos seres passivos, que simultaneamente procuram colmatar essa ausência de destino, objectivo, meta.
Esta leitura colocou-me perante o facto de nem tudo se resumir ao certo e errado, nem tudo ter explicação e justificação.
A jornada da vida e da procura (interior) do sentido dela é cheia de dúvidas, da decisão de sair da nossa zona de conforto ou não. De escolher continuar a viver na sombra dos outros ou como eles esperam/previram, sem que nos apercebamos, ou tomar as rédeas e fazermos nós o nosso caminho.
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