Já estava para dedicar este espaço a Jorge Amado há algum tempo, mas com tanto que há para dizer sobre a vida deste autor, fui optando por autores com menos informação disponível ou com carreiras ou vidas mais breves por uma questão de disponibilidade. Como não queria adiar mais esta minha pequena homenagem aqui fica um resumo do que apurei, ficando no entanto muito por dizer principalmente sobre as muitíssimas Homenagens, Medalhas, Troféus e Títulos Doutor Honoris Causa que recebeu. A lista das edições portuguesas dos seus livros também estará por certo bastante incompleta, mas são as edições que fui encontrando em pesquisas neste vasto mundo da Internet.
Da minha parte a escolha deve-se ao facto deste autor me ter proporcionado muitas horas de prazer na leitura de alguns dos seus livros. Um deles, Capitães da Areia, embora o tenha lido há já alguns anos, continua até hoje na minha listinha pessoal dos melhores livros que li.
Biografia
Filho de João Amado de Faria e de Eulália Leal, Jorge Amado
nasce em 1912 em Itabuna.
Em 1913 deixa Itabuna devido a uma praga de varíola e vai
viver para Ilhéus cidade que lhe serviu de inspiração para vários romances.
Em 1917 a família muda-se para a Fazenda Taranga, em
Itajuípe.
No ano seguinte retorna a Ilhéus e passa a frequentar a
escola de D. Guilhermina.
Em 1922 vai estudar para Salvador, em regime de internato, no
Colégio António Vieira, de padres jesuítas.
Dois anos depois, foge do colégio e viaja por dois meses até
chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. É matriculado no Ginásio Ipiranga, novamente como interno.
Em 1927, passa para o regime de externato e vai morar num
casarão no Pelourinho. Emprega-se como repórter policial no "Diário da
Bahia" e pouco depois passa para o jornal "O Imparcial".
Em 1930 vai para o Rio de Janeiro, para estudar na Faculdade
de Direito da então Universidade do Rio de Janeiro.
Em 1932, muda-se para Ipanema.
Em 1933 casa-se com Matilde Garcia Rosa.
Foi jornalista na revista "Rio Magazine" e
trabalhou na Livraria José Olympio Editora. Envolve-se com política,
tornando-se comunista, como muitos brasileiros da sua geração.
Em 1935 nasce sua filha Eulália Dalila Amado.
No ano seguinte é preso por motivos políticos pela primeira vez.
Em 1937 viaja pela América Latina e pelos Estados Unidos. Quando chega ao Brasil, é avisado do golpe de Getúlio Vargas. Foge para Manaus, mas é preso. Seus livros, considerados subversivos, são queimados em Salvador por determinação da Sexta Região Militar.
Liberto, em 1938, o escritor é mandado para o Rio de Janeiro mas muda-se para São Paulo, depois para a Bahia e em seguida para Sergipe.
Retorna ao Rio no ano de 1939. Torna-se redator-chefe das revistas Dom Casmurro e Diretrizes. Colabora com a revista Vamos ler.
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942 e quando volta ao Brasil é preso ao desembarcar em Porto Alegre.
1943 marca a sua volta às páginas de O Imparcial.
Em 1944 separa-se de Matilde Garcia Rosa.
Em 1945, volta a ser preso por um breve período. É apresentado a Zélia Gattai com quem passa a viver nesse mesmo ano. É eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Dois anos depois nasce, no Rio de Janeiro, o filho João Jorge.
Com o cancelamento, em Janeiro de 1948, do registo do Partido Comunista, o mandato de Jorge Amado é invalidado. Sem assento na Câmara Federal e tendo os seus livros sido considerados "material subversivo", o escritor, parte sozinho em exílio voluntário para Paris onde fica de 1948 a 1950.
Em 1949, quando se dirigia para a antiga Checoslováquia, onde participaria de um congresso de escritores, sofre um acidente de avião na cidade de Frankfurt, na Alemanha mas escapa ileso. Nesse mesmo ano morre a sua filha Eulália.
Em 1950, o governo francês expulsa Jorge Amado e sua família do país. O escritor, Zélia e João Jorge passam a residir em Dobris, antiga Checoslováquia, no castelo da União dos Escritores.
Em 1951 nasce em Praga sua filha Paloma.
Passado um ano volta ao Brasil com a família fixando residência no Rio de Janeiro.
Em 1953 assume a presidência da Associação Brasileira de Escritores.
Em 1956 sai do Partido Comunista, segundo explica, "porque queria voltar a escrever".
Em 1959 funda a Academia de Letras de Ilhéus.
Por unanimidade, é eleito, no dia 6 de Abril de 1961, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. É também eleito membro do Conselho da Presidência do Pen Club do Brasil.
Em 1963 instala-se na casa do bairro de Rio Vermelho, Salvador onde residiu até falecer.
Teve 6 netos:
Bruno (1971), Maria João (1973), João Jorge Filho (1980) e Jorge Amado Neto (1983) filhos de João Jorge
Mariana (1972) e Cecília (1976) filhas de Paloma.
No dia 13 de maio de 1978, o escritor oficializa a sua união com Zélia Gattai.
Em 1986, morre aos 73 anos de idade, a sua ex-mulher Matilde Garcia Rosa.
Em 1990, participa, como representante do Brasil, da comissão internacional que dará assessoria ao projeto de reconstrução da antiga biblioteca de Alexandria, no Egito.
Em Maio de 1996, o escritor sofre um edema pulmonar e em Outubro, é submetido a uma angioplastia.
Em 2000 passa a viver deprimido por se encontrar quase sem ver e sob dieta rigorosa, o que o privava daquilo que mais gostava: de escrever, de ler um bom livro e de um bom prato.
No dia 21 de Junho de 2001, Jorge Amado é internado com uma crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Após alguns dias, retorna à sua casa, porém, a 06 de Agosto volta a sentir-se mal e falece na cidade de Salvador às 19:30. A seu pedido, o seu corpo foi cremado e as suas cinzas foram espalhadas em torno de uma mangueira na sua residência no bairro de Rio Vermelho, Salvador.
Curiosidades
Como deputado, foi o autor da emenda que garantiu a liberdade religiosa assim como da emenda que garante direitos autorais.
Era simpatizante do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá.
Segundo registos da época, em 1937 foram queimados 1.694 exemplares de "O país do carnaval", "Cacau", "Suor", "Jubiabá", "Mar morto" e "Capitães da areia".
A União Brasileira de Escritores, apresentou em Estocolmo a candidatura formal de Jorge Amado ao Prémio Nobel de Literatura em 1967 e em 1968.
Mais de mil pessoas compareceram à primeira sessão de autógrafos de Jorge Amado em Portugal, em 1966, na Sociedade Nacional de Belas Artes.