Autor: Nicholson Baker
Titulo Original: A Box of Matches
Ano de Publicação Original: 2003
Editora: Quetzal
Ano: 2005
Tradução: Sofia Ribeiro
Páginas: 185
ISBN: 9789725646441
Sinopse: Um homem levanta-se todos os dias cada vez mais cedo, veste-se às escuras, faz café e acende a lareira com uma caixa de fósforos. Depois esquadrinha os pensamentos que lhe povoam a cabeça e que o preocupam. Eis aqui um homem domesticado, de meia-idade, cujos pensamentos se desviam brilhantemente do amor e do casamento para acendalhas e suicídio num abrir e fechar de olhos.
É Baker no seu melhor, irónico e observador, revelando as verdades subjacentes ao efémero da vida, ao prazer que se retira das pequenas coisas, à escuridão do outro lado da vida quotidiana - toda a vida humana numa caixa de fósforos.
Opinião: Este foi o livro errado para ler nesta altura, ou a altura errada para ler este livro, não sei :)
A verdade é que passar do primeiro livro de As Crónicas de Gelo e Fogo onde os acontecimentos se precipitam e nos surpreendem a todo o instante para este relato intimista da vida de um homem de meia idade, sui generis é certo, mas onde nada acontece, foi uma péssima ideia da minha parte. Foi como sair de uma auto-estrada para uma pacata estrada de aldeia, onde por mais que reduzamos a velocidade, não conseguimos acompanhar o ritmo. E para agravar a situação todos os neurónios do meu cérebro pediam, imploravam mesmo, por mais Crónicas de Gelo e Fogo.
Por isso e apesar deste livro pouco me ter conseguido transmitir, não quero rebaixai-lo à categoria de livros a ignorar.Tenho plena consciência que embora esteja longe de ser uma obra prima, se o tivesse lido noutro estado de espírito poderia tê-lo apreciado.
O autor é de facto um excelente observador (por vezes até demais) e consegue transformar o quotidiano de Emmett e do seu pequeno núcleo familiar (mulher, 2 filhos, 1 gato e 1 pata) num pequeno livro cheio de ironia e bem estruturado. Mas Emmett não me arrebatou, não conseguiu criar empatia, é uma criatura bizarra que passa rapidamente de um delírio suicida a uma divagação supostamente profunda sobre banalidades como desentupidores de canos.
Não consigo recomendá-lo, mas como é um livro pequeno podem sempre lê-lo por vossa conta e risco :)
Deixo-vos no entanto 2 excertos:
"Todas as manhãs o café obriga-me a assoar o nariz, e depois atiro o lenço de papel para o fogo, e desaparece. O fogo é como um cão bem disposto que fica à espera ao pé da mesa enquanto lhe damos bocadinhos de vida." (pág. 34)
"Durante alguns anos, confiei em pensamentos suicidas que me ajudassem a adormecer. Durante o dia, não sou uma pessoa particularmente mórbida, mas à noite fico deitado na cama a imaginar que estava a enfiar uma agulha de tricô no ouvido, ou a mergulhar de uma prancha para um buraco negro com uma dúzia de estalactites pontiagudas e escorregadias no fundo." (pág.26)
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