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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Opinião – A Glória dos Traidores - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Seis de George R.R. Martin

George R.R. Martin

Titulo: A Glória dos Traidores - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Seis
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Storm of Swords - A Song of Ice and Fire, Book 3
Ano de Publicação Original: 2000

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2011 (5ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 570
ISBN: 9789896370916

Sinopse: O bafo cruel e impiedoso do Inverno já se sente. Quando Jon Snow consegue regressar à Muralha, perseguido pelos antigos companheiros do Povo Livre, não sabe o que irá encontrar nem como será recebido pelos seus irmãos da Patrulha da Noite. Só tem uma certeza: há coisas bem piores do que a hoste de selvagens a aproximarem-se pela floresta assombrada.

 O Jovem Lobo também está em viagem, na companhia da mãe e do tio, numa tentativa de reconquistar duas coisas fundamentais para os Stark: a aliança da Casa Frey e o Norte. A primeira parece bem encaminhada, mas é sabido como o velho Walder Frey é traiçoeiro. Quanto à segunda, é uma incógnita, pois a tarefa que lhe cabe é quase impossível: conquistar Fosso Cailin a partir do sul.

Em Porto Real, há dois casamentos em perspectiva, qual deles o mais importante para o destino dos Sete Reinos. Mas quem sabe o que os caprichos do destino tem reservado para os noivos? Jaime Lannister, agora mutilado, regressa para junto dos seus sem saber o que o aguarda. E do outro lado do mar, o poder dos dragões renasce, com Daenerys à cabeça de uma hoste de eunucos treinados para a guerra e finalmente rodeada de amigos. Mas serão esses amigos... dignos de confiança?

Opinião: 6º Volume, ou 3º livro (como preferirem) terminado, e ainda não me recompus do choque. Tinham razão todas as pessoas que me alertaram para o verdadeiro “terramoto” que é este A Glória dos Traidores. Se nos livros anteriores há alguns personagens que começam a mudar de rumo, neste são muito poucos os que ficam como estavam, e as reviravoltas das personagens são tantas e algumas tão surpreendentes, que dei por mim sem fôlego por inúmeras vezes, e nem sei como consegui evitar fazer figuras tristes nas partes do livro que li em locais públicos. Sim porque em casa foram muitas as vezes em que literalmente exclamei, resmunguei com o livro ou simplesmente fiquei estupefacta com o que lia. Resumindo, se os volumes anteriores são bons, este é fenomenal e será difícil mesmo para George R.R. Martin superá-lo ou mesmo igualá-lo nos livros seguintes.

Já tinha lido que a intenção inicial de George R.R. Martin era escrever uma trilogia e curiosamente essa intenção é bem visível neste volume. A história não termina é certo, mas é perfeitamente imaginável a forma como o autor a pretendia terminar inicialmente. Por mim só posso opinar que ainda bem que não o fez, primeiro porque me iria privar de mais alguns volumes desta história que estou a adorar, e depois porque seria quase impossível não deixar pontas soltas. O destino de alguns personagens também não me iria satisfazer de todo. Se bem que em se tratando de George R.R. Martin nada me garante que escrevendo mais alguns livros esse destino não vá piorar ainda mais. Mas esse é um dos fatores que mais me fascina na escrita deste autor, a imprevisibilidade… :)

Queria muito opinar sobre os acontecimentos deste livro, mas acho que seria péssimo para quem ainda não leu se deixasse escapar spoilers, por isso vou conter-me e  mais uma vez recomendar a quem ainda não leu que o faça, estou certa que serão muito poucos os que não irão gostar.

Quanto a este 6º volume se tivesse de o definir numa única palavra, não poderia ser outra senão... Brutal!


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Opinião – A Tormenta de Espadas - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Cinco de George R.R. Martin


Titulo: A Tormenta de Espadas - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Cinco
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Storm of Swords - A Song of Ice and Fire, Book 3
Ano de Publicação Original: 2000

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2011 (6ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 539
ISBN: 9789896370718

Sinopse: Os Sete Reinos estremecem quando os temíveis selvagens do lado de lá da Muralha se aproximam, numa maré interminável de homens, gigantes e terríveis bestas. Jon Snow, o Bastardo de Winterfell, encontra-se entre eles, debatendo-se com a sua consciência e o papel que é forçado a desempenhar.

Todo o território continua a ferro e fogo. Robb Stark, o Jovem Lobo, vence todas as suas batalhas, mas será ele capaz de vencer as mais subtis, que não se travam pela espada? A sua irmã Arya continua em fuga e procura chegar a Correrrio, mas mesmo alguém tão desembaraçado como ela terá dificuldade em ultrapassar os obstáculos que se aproximam.

Na corte de Joffrey, em Porto Real, Tyrion luta pela vida, depois de ter sido gravemente ferido na Batalha da Água Negra, e Sansa, livre do compromisso com o rapaz cruel que ocupa o Trono de Ferro, tem de lidar com as consequências de ser segunda na linha de sucessão de Winterfell, uma vez que Bran e Rickon se julgam mortos.

No Leste, Daenerys Targaryen navega na direcção das terras da sua infância, mas antes terá de aportar às cidades dos esclavagistas, que despreza. Mas a menina indefesa transformou-se numa mulher poderosa. Quem sabe quanto tempo falta para se transformar numa conquistadora impiedosa?

Opinião: Sinto que as minhas opiniões sobre os livros desta saga correm o risco de se tornarem repetitivas mas a verdade é que George R.R. Martin não me está a dar muitas alternativas. Apesar de ser das maiores que li, e eu já li algumas, esta saga tem conseguido até agora cumprir a dificílima tarefa de manter a qualidade e o interesse a cada novo volume ou até o superar.

Mais um livro lido sem que o meu entusiasmo por esta saga esmoreça um pouco que seja, pelo contrário nesta fase da leitura já começo a ter pensamentos do género "e quando chegares ao 10º livro? como vais aguentar sem saber como acaba??"

Neste A Tormenta de Espadas os acontecimentos sucedem-se logo na primeira metade do livro, há personagens desaparecidas que reaparecem, outras que começam a tomar novos rumos, novos narradores com pontos de vista muito interessantes... resumindo um ritmo excelente e um enredo sempre viciante.

E se o enredo é fantástico e viciante, para mim as personagens são a grande mais valia destes livros, mesmo que embirre com umas, odeie outras e torça fervorosamente por outras, consigo senti-las a todas, a empatia é imediata e natural, a personagens colam-se a nós, são os nossos companheiros de leitura. Não me lembro de uma única que seja forçada, pouco natural, ou que me tenha transmitido apenas apatia. E ao transmitir-nos os acontecimentos presentes e passados através da visão de personagens tão distintas, George R.R. Martin consegue a brilhante proeza de nos fazer avaliar os factos de uma forma quase imparcial. Ao lermos os acontecimentos narrados de outra perspetiva por vezes o que parecia incontestável passa a questionável. Poucos acontecimentos ou personagens são totalmente "negros" ou "alvos", "bons" ou "maus", a grande maioria tem várias tonalidades de "cinzento", ou seja dependem da forma como os vemos.

E não me alongo mais, estou ansiosa por saber como termina este terceiro livro, mas desta vez não preciso do final para avaliar esta primeira metade com



domingo, 18 de agosto de 2013

Opinião – O Despertar da Magia - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Quatro de George R.R. Martin

George R.R. Martin

Titulo: O Despertar da Magia - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Quatro
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Clash of Kings - A Song of Ice and Fire, Book 2
Ano de Publicação Original: 1998

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2012 (6ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 445
ISBN: 9789896370480

Sinopse: A Guerra pelos Sete Reinos continua sem tréguas ou misericórdia. Com um golpe negro mágico, Stannis afastou do seu caminho o irmão rival Renly, e agora nada o impede de conquistar Porto Real, pela força, com a sua frota. Mas Tyrion, eleito a Mão do Rei, tem outros planos e, embora todos o subestimem pela aparência, prepara com sangue frio a defesa da cidade e a confrontação com Stannis numa batalha que se adivinha sanguinária.
No Norte, Winterfell encontra-se à beira do perigo e é alvo da cobiça dos  Greyjoy, mas Bran nada consegue ver para além dos estranhos sonhos que o  atormentam de noite e dia. Para lá da muralha, Jon oferece-se para acompanhar um grupo de batedores enviado para encontrar os selvagens, enquanto a principal força da Patrulha da Noite se fortifica junto às montanhas. Se quer sobreviver, Jon terá que aprender a ser tão cruel como a terra assombrada habitada pelos selvagens.
Mais uma vez, George R. R, Martin consegue manter-nos agarrados até à última página. Personagens que amamos são mortas sem dó nem piedade, personagens que odiamos conseguem conquistar o nosso coração. De Arya a Sansa, de Robb a Daenerys, todos terão um papel fulcral neste fabuloso quarto volume de As Crónicas de Gelo e Fogo.      

Opinião: Bem... depois de ter "devorado" este quarto livro da série, estou mais uma vez com sérias dificuldades em expressar-me. Mas há uma coisa que já aprendi, George R.R. Martin reserva sempre o melhor para a segunda metade dos seus livros. Se já tinha adorado A Muralha de Gelo, este O Despertar da Magia consegue superá-lo e ser simplesmente fabuloso. Mais uma vez é nesta segunda metade que tudo acontece, e desta vez os acontecimentos superaram todas as minhas expetativas.

O Despertar da Magia traz-nos de tudo um pouco, suspense, situações inesperadas, guerra e muito mais intriga. Agarra-nos até à ultima página, deixa-nos por vezes quase com "vontade de bater no autor", e noutras a respirar de alivio ou com um "Yesss" quase audível nos lábios. E é isso que me está a agradar tanto nesta saga, a imprevisibilidade, o facto de apesar de ser fantasia, estar longe de ser um conto de fadas, não há um "viveram felizes para sempre", pelo contrário, a sensação que temos é que tudo pode correr mal a qualquer momento e a qualquer um. 

Ao contrário de A Muralha de Gelo que apesar de me ter arrebatado por completo, deixou-me respirar após o seu final e conseguir ler outro livro, este O Despertar da Magia tem um final em que o destino de inúmeras personagens fica em aberto, e como tal não houve forma de pegar noutro livro como tinha planeado inicialmente... vou direta para o A Tormenta de Espadas :) Inclusive dei por mim a pensar como é que os leitores americanos que leram este livro em 1998 conseguiram aguardar pelo terceiro livro 2 anos!!

E neste ponto, peço desculpa mas vou repetir-me e mais uma vez pedir ajuda a quem já leu os livros e viu a série. Acontece que já tenho a 2ª temporada da série para ver, mas não queria de forma alguma ver spoillers dos livros, ou seja só a queria ver quando tivesse a certeza que tudo o que nela acontece já li nos livros. Por isso, na vossa opinião, devo ver a 2ª temporada após terminar a leitura de que livro?

Queria deixar alguns excertos que tanto me agradaram, mas a minha velocidade de leitura foi tal que nem pensei em assinalá-los e agora não sei onde andam :(

Para terminar reafirmo que esta saga é definitivamente do melhor, senão mesmo o melhor, que li dentro do género fantasia, mas é muito mais que isso. Sinto que catalogá-la apenas como fantasia é demasiado redutor, e que se existe livro capaz de agradar a "gregos e troianos" esta saga está entre eles pelo que mais uma vez recomendo sem qualquer hesitação.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Opinião – A Muralha de Gelo - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Dois de George R.R. Martin

George R.R. Martin
Titulo: A Muralha de Gelo - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Dois
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Game of Thrones - A Song of Ice and Fire, Book 1
Ano de Publicação Original: 1996

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2008 (2ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 414
ISBN: 9789896370206

Sinopse:Estes são tempos negros para Robert Baratheon, rei dos Sete Reinos. Do outro lado do mar, uma imensa horda de selvagens organizou-se para invadir o seu reino. À frente deles está Daenerys Targaryen, a última herdeira da dinastia que Robert massacrou para conquistar o trono. E os Targaryen são famosos pelo seu rancor e crueldade... Mais perto, para lá da muralha de gelo que se estende a norte, uma força misteriosa manifesta-se de maneira sobrenatural. E quem vive à sombra da muralha não tem dúvidas: os Outros vêm aí e o que trazem é bem pior do que a própria morte... Ainda mais perto, na Corte, as conspirações continuam. O ódio entre as várias Casas aumenta e desta vez o sangue vai jorrar. E quando parece que nada pode piorar, o rei é ferido mortalmente numa caçada. Terá sido um acidente ou um assassinato? Seja como for, uma coisa é certa: a guerra civil vem aí! 

George R. R. Martin prova porque é o maior escritor de fantasia da actualidade. Com uma imaginação poderosa, escrita inteligente e personagens cativantes, volta a deixar o leitor rendido e a ansiar por mais. Se gosta de um romance histórico épico, de um thriller arrepiante, de uma aventura emocionante, de uma fantasia credível e, em suma, de uma grande leitura... então este livro é para si.

Opinião: Confirma-se … estou completamente rendida e viciada nesta saga :) Aliás, onde é que eu andava com a cabeça para ter estes livros empilhados numa prateleira há tanto tempo sem lhes ter pegado??

Se a primeira parte do livro é boa e o enredo cativante, esta segunda parte superou completamente as minhas expetativas. É nesta parte que se começam a desenrolar os grandes acontecimentos e algumas reviravoltas. Sem querer desvendar detalhes para quem ainda não leu, e mesmo tendo lido apenas o correspondente ao 1º de 7 volumes, posso desde já afirmar que esta saga está entre o melhor que já li do género fantasia. É claro que existe a possibilidade de eventualmente vir a desapontar-me com a continuação da história ou com o final ainda por escrever, mas tenho sérias duvidas que isso venha a acontecer.

Curiosamente apesar de estar a adorar, este é daqueles livros em que sinto alguma dificuldade em exprimir a minha opinião. Apetecia-me escrever apenas algo do género “Adorei. Recomendo a todos, não percam”. Mas vou tentar explicar-vos o que me levou a gostar tanto deste livro, ou isto não seria uma opinião.

Começo pela escrita do autor que é simples, mas cuidada, com descrições q.b., e muito ritmo na maioria das partes. Ou seja, na minha modesta opinião, o ideal para um livro de Fantasia.

A história intrincada e cheia de reviravoltas, por vezes bastante imprevisíveis, é uma das grandes mais-valias do livro. George R.R. Martin criou um mundo imaginário, muito semelhante ao real mas recheado de pormenores fantásticos, e nesse cenário está a conceber um enredo muito envolvente, repleto de mistérios, passados por revelar e futuros por resolver, que agarram o leitor fazendo-o ansiar por saber mais. E por agora todos os detalhes fazem sentido, vão começando a encaixar-se a pouco e pouco. É claro que existem inúmeras pontas soltas mas temos mais 6 (ou 12) livros pela frente. Não vai ser tarefa fácil para o autor encerrar esta saga sem pontas soltas ou incoerências mas quero acreditar que o vai conseguir.

A outra grande mais-valia são as personagens. São inúmeras e causam-nos algumas dores de cabeça inicialmente até nos habituarmos ao “quem é quem”. Mas passada essa fase, são deliciosas, muito bem caracterizadas e, principalmente as que narram os capítulos, quase palpáveis. Gosto que não haja um grande herói que se destaque, e sim vários pequenos heróis ocasionais, cheios de imperfeições, incertezas e medos. Gosto até do facto de ficarmos inúmeras vezes na expectativa de que qualquer um deles pode morrer. Torna-os tão mais verosímeis.

E chega… não quero mesmo adiantar mais nada que possa retirar algum prazer a quem ainda não leu este livro e pretende vir a fazê-lo… mas leiam-no …vale a pena… Eu por agora vou pegar noutro livro como planeei, mas por via das dúvidas escolhi um pequeno, não sei quanto tempo aguentarei sem ler os restantes livros :)

E como não podia deixar de ser a minha avaliação é



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Opinião – Pequena Abelha de Chris Cleave

Chris Cleave

Titulo: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

Titulo Original: The Other Hand
Ano de Publicação Original: 2008

Editora: Edições Asa
Ano: 2011
Tradução: José Vieira de Lima
Páginas: 266
ISBN: 9789892313177

Sinopse: Não queremos contar-lhe O QUE ACONTECE neste livro. Esta é uma HISTÓRIA MESMO ESPECIAL e não queremos desvendá-la.
Ainda assim, vai precisar de saber um pouco mais sobre ela para querer lê-la, por isso, vamos dizer apenas o seguinte:
Esta é a história de DUAS MULHERES. Os seus destinos vão cruzar-se UM DIA e uma delas terá de fazer UMA ESCOLHA terrível, o tipo de escolha que ninguém deseja enfrentar. Uma escolha que envolve vida ou morte. DOIS ANOS DEPOIS, elas encontram-se de novo. É então que a história começa verdadeiramente…
Depois de ler este livro, vai querer falar dele a TODOS OS SEUS AMIGOS. Quando o fizer, por favor, também não lhes diga o que acontece. Permita-lhes saborear a sua MAGIA.

Opinião: Comprei este livro numa Feira do Livro já há algum tempo, entusiasmada com a sinopse e duas ou três excelentes opiniões que li nalguns blogues que sigo regularmente e cuja opinião costumo ter em boa consideração. A verdade é que foi mais um livro cuja leitura foi ficando adiada até hoje.

Mesmo tempo ficado esquecido por algum tempo, tinha boas expectativas quanto a este livro, e peguei-lhe com algum entusiasmo. Pois apesar de ser um livro bastante diferente do que esperava, superou largamente qualquer expectativa. Acho que depois de algumas leituras "mornas" (umas mais entusiasmantes que outras, mas nenhuma realmente empolgante), já precisava de um livro assim, que me envolvesse na sua história, que me fizesse reflectir, cuja leitura me empolgasse a ponto de querer ler sempre mais um pouco, cujas personagens recordarei por longo tempo.

Do enredo em si não quero revelar-vos muito mais, porque penso que a intencionalidade da sinopse é espicaçar a curiosidade de futuros leitores, e concordo que devem ser vocês a "saborear a sua magia". E saborear é o termo adequado, pois foi esse o motivo de não ter lido este livro num ápice, a vontade de apreciar cada capítulo, cada página, cada frase. Adianto apenas a quem ainda não leu, que o tema principal são os refugiados, os contrastes entre 2 mundos tão diferentes, na geografia, nos costumes, na mentalidade. E com isto fazer-nos reflectir sobre o modo como os encaramos, alertar-nos para uma realidade tão próxima e com a qual poucos se preocupam.

Para conseguir tudo isto o autor brinda-nos com a história de 2 mulheres incríveis, Abelhinha e Sarah. E a história de ambas é terrível e dolorosa mas também inspiradora e cativante. O autor vai-nos revelando aos poucos os acontecimentos de há 2 anos, enquanto nos inteira do presente. E a sua maneira de relatar os acontecimentos é excelente, cheia de altos e baixos, de contrastes, num momento estamos mortificados com a crueldade dos acontecimentos e logo de seguida damos por nós com um sorriso nos lábios perante as observações peculiares de Abelhinha.

O que mais gostei neste livro foram mesmo as personagens, em especial Abelhinha, embora Sarah também seja uma mulher extraordinária. Abelhinha é no entanto daquelas personagens que nos acompanham durante longo tempo fazendo-nos sorrir quando pensamos nelas, mesmo que por vezes seja um sorriso melancólico.

E como este livro está repleto de magnificas reflexões não podia terminar sem vos deixar alguns excertos (não consegui escolher apenas um):

"Nas pernas castanhas da rapariga, havia muitas cicatrizes pequenas e brancas. Dei por mim a pensar: Será que essas cicatrizes te cobrem toda, como as estrelas e as luas do teu vestido? Pensei que isso também seria bonito, e peço-vos desde já, por favor, que concordem que uma cicatriz nunca é feia. Aqueles que fazem as cicatrizes querem que nós pensemos que as cicatrizes são feias. Mas nós temos de fazer um acordo para os enfrentarmos. Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Está bem? Esse será o nosso segredo. Porque, podem crer no que vos digo, uma cicatriz não se forma naqueles que estão a morrer. Uma cicatriz significa: «Eu sobrevivi»." (pág 17)

"Quando me puseram no centro de detenção de imigrantes, deram-me um cobertor castanho e um copo de plástico com chá. E quando eu senti o sabor do chá, só me apeteceu voltar para o navio e regressar ao meu país. O chá é o sabor da minha terra: é amargo e quente, forte, e carregado de memórias. Sabe a saudade. Sabe à distância entre o sítio onde estamos e o sítio de onde viemos. E também desaparece - o sabor dele desaparece da nossa língua quando os nossos lábios estão ainda quentes. Desaparece como as plantações que se perdem no nevoeiro. Ouvi dizer que o vosso país bebe mais chá do que qualquer outro. Isso deve fazer de vós umas pessoas muito tristes - como crianças que anseiam pelas mães ausentes. Lamento." (pág.135)

"O que é uma aventura? Tudo depende do ponto de partida. No vosso país, as miúdas escondem-se no buraco entre a máquina de lavar e o frigorífico e fazem de conta que estão na selva, com serpentes verdes e macacos por todo o lado. Eu e a minha irmã costumávamos esconder-nos num buraco na selva, com serpentes verdes e macacos por todo o lado, e fazíamos de conta que tínhamos uma máquina de lavar e um frigorífico. Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com coisas com corações que batem. Nós sonhamos com máquinas, porque já vimos em que estado é que os corações que batem nos deixaram." (pág. 214)

Por tudo isto, este é um livro que recomendo sem qualquer reserva e Chris Cleave um autor que quero voltar a ler.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Opinião – Cada Dia É um Milagre

Yasmina Khadra

Titulo: Cada Dia é um Milagre
Autor: Yasmina Khadra

Titulo Original: L'Équation africaine
Ano de Publicação Original: 2011

Editora: Bizâncio
Ano: 2012
Tradução: Maria Carvalho
Páginas: 299
ISBN: 9789725305065

Sinopse: Na sequência de um terrível drama familiar, e a fim de superar a sua mágoa, o doutor Kurt Krausmann aceita acompanhar um amigo às Comores. O seu veleiro é atacado por piratas ao largo do litoral somali, e a viagem «terapêutica» do médico transforma-se num pesadelo. Feito refém, espancado, humilhado, Kurt vai descobrir uma África de violência e de miséria insuportáveis onde «os deuses já não têm pele nos dedos de tanto lavarem as mãos». Com o seu amigo Hans e um companheiro de infortúnio francês, descobrirá Kurt a força necessária para superar esta provação? Oferecendo-nos esta viagem surpreendente de realismo que nos transporta, da Somália ao Sudão, para uma África Oriental alternadamente selvagem, irracional, circunspecta, orgulhosa, digna e infinitamente corajosa, Yasmina Khadra confirma mais uma vez o seu imenso talento de narrador. Construído e conduzido com mão de mestre, este romance descreve a lenta e irreversível transformação de um europeu, cujos olhos se vão abrir, pouco a pouco, para a realidade de um mundo até então desconhecido para ele. Um hino à grandeza de um continente entregue aos predadores e aos tiranos genocidas.

Opinião: Gostei tanto deste livro e retirei tanta coisa dele que gostava de vos transmitir que nem sei bem por onde começar esta opinião e temo não o conseguir fazer como pretendia. Mas começo por dizer que apesar de ainda não conhecer este autor argelino quando peguei no livro, já tinha ouvido tantas opiniões excelentes a seu respeito, que as minhas expectativas eram bem altas. Quando isto acontece temo sempre desapontar-me, mas neste caso todas a minhas expectativas foram largamente superadas.

O livro está divido em 3 capítulos, e logo no primeiro o autor relata-nos as circunstâncias da morte da mulher do protagonista, o quanto este sente a sua falta, o lugar que ela ocupava na sua vida. À semelhança do livro que li anteriormente também este tem uma perspectiva magnífica da morte e da dor que a acompanha. Assistimos ao sofrimento do protagonista de uma forma tão verídica que o sentimos quase nosso. O segundo capítulo conta-nos os acontecimentos em África, que são brutais, cruéis, revoltantes. Ao mesmo tempo que nos dá uma visão bastante imparcial de uma parte de África pouco conhecida da maioria de nós, o autor faz-nos reflectir sobre a natureza humana, o valor da vida, a importância que por vezes não damos aos pequenos detalhes e a tudo o que de mais precioso possuímos e tantas vezes só valorizamos quando perdemos. Mas é no terceiro e ultimo capítulo que tudo se encaixa, que a esperança renasce, que vemos o quão magnifica é esta história no seu todo.

Poderia aqui dizer que gostei deste livro porque a escrita do autor é sublime e poética, porque me ensinou imenso sobre uma parte de África que pouco conhecia, porque as personagens estão muito bem caracterizadas, desde a transformação de Kurt, ao peculiar Bruno, passando pelo enigmático Blackmoon, com o meu destaque para o contraditório Joma que foi o que mais me marcou.

Tudo o que citei acima seria o suficiente para ter gostado muito do livro, mas o que realmente me fez render foi a capacidade do autor, de me fazer repensar opções, relativizar contrariedades, rever prioridades. Poucos livros têm esta capacidade, de nos renovar a esperança, de nos fazer acreditar. Em resumo, um livro magnífico, comovente, que me tocou bem fundo, e sem dúvida um autor a reler. Recomendo sem qualquer hesitação.

Para terminar queria deixar-vos um excerto, mas foram tantas as passagens que me marcaram que o difícil foi escolher e opto por deixar dois:

«É verdade que somos pouca coisa. Mas, neste corpo perfeito que a idade desarticula ao sabor das estações e que o mais ínfimo micróbio prostra, existe um território mágico onde nos é possível ganhar novamente controlo sobre nós. É nesse lugar oculto que dormita a nossa verdadeira força, isto é, a nossa fé no que pensamos ser bom para nós. Se acreditarmos, ultrapassaremos qualquer desgraça. Porque nada, nenhum poder, nenhuma fatalidade nos impedirá de nos levantarmos e de nos realizarmos se acreditarmos plenamente naquilo que nos faz sonhar. É evidente que seremos chamados a enfrentar provações ferozes, combates titânicos, altamente dissuasores. Mas se não desistirmos, se continuarmos a acreditar, triunfaremos dos impasses. Porque só valemos o que merecemos, e a nossa salvação inspira-se nesta lógica elementar: ‘Quando duas forças contrárias se enfrentam, o fracasso sancionará a menos motivada.’ Por conseguinte, se quisermos vencer, façamos com que as nossas convicções sejam mais fortes que as nossas dúvidas, mais fortes que a adversidade.» (pág. 142)

"Vive cada manhã como se fosse a primeira
E deixa ao passado os remorsos e as más acções,
Vive cada noite como se fosse a última
Porque ninguém sabe de que será feito o amanhã"
(pág. 299)

E a minha classificação não podia deixar de ser



sábado, 19 de janeiro de 2013

Opinião – 1Q84 - Livro 3

Haruki Murakami


Titulo: 1Q84 - Livro 3
Autor: Haruki Murakami

Titulo Original: 1Q84
Ano de Publicação Original: 2009

Editora: Casa das Letras
Ano: 2012
Tradução: Maria João Lourenço e Maria João da Rocha Afonso
Páginas: 518
ISBN: 9789724621081

Sinopse: O Livro 3 revela o estilo forte e truculento de uma personagem única, Ushikawa de seu nome. A par de Tengo e Aomame, a voz da Ushikawa ecoa nas páginas do terceiro volume de 1Q84 e provoca as reações mais intensas. Amem-no ou detestem-no, mas deixem-no entregue à sua sorte.

No meio dos sonhos que povoam as suas noites solitárias, Aomame anda à procura do amor, sempre de olhos postos no parque infantil que fica à frente do bairro residencial onde se esconde do mundo. Tengo escreve um romance a que possa chamar seu e acerta contas com o passado, esforçando-se, do alto do escorrega, por agarrar o presente.

Tengo e Aomame continuam sem saber, mas aquele é o único lugar perfeito no mundo. Um lugar perfeitamente isolado e, ao mesmo tempo, o único que escapa às malhas da solidão. Este mundo também deverá ter as suas ameaças, os seus perigos, claro, e estar cheio dos seus próprios enigmas e de contradições. Mas não faz mal. A páginas tantas, é preciso acreditar. Sob as duas luas de 1Q84, Aomame e Tengo deixam de estar sozinhos...

Inspirado em parte no romance 1984, de George Orwell, 1Q84 é uma surpreendente obra de ficção, escrita de forma poderosa e imaginativa - a um tempo um thriller e uma tocante história de amor. Murakami continua a provocar o espanto e a emoção, comunicando com milhões de pessoas de todas as idades, espalhadas pelo mundo inteiro. Ao pousar este livro, quantos leitores não se sentirão desafiados a ver o mundo com outros olhos?

Opinião: Tentando não revelar mais da história para além do que já é revelado pela sinopse, posso afirmar que é neste último volume que as peças finais se encaixam, que conhecemos melhor os protagonistas e ficamos a saber qual o seu destino e o do amor que os une. Ficam muitos pormenores em aberto é certo, mas quem já leu outros livros de Murakami sabe que com este autor há sempre factos que são deixados à interpretação de quem os lê. Não torna a obra menos interessante, apenas mais subjetiva. Também neste volume existem muitos relatos repetidos, mas continuo a achar que não aborrecem, e que pelo contrário completam a história dando-nos várias perspectivas do mesmo facto.

A empatia com as personagens de Tengo e Aomame foram absolutas, como aliás já me tinha acontecido com Hajime e Shimamoto, protagonistas de A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol, um dos livros de Haruki Murakami que mais gostei e que por sinal tem muitos pontos em comum com 1Q84.

Terminei ontem a leitura do livro 3 e já estou com saudades deste mundo de 1Q84 ou da cidade dos gatos. Mais uma obra de Murakami que entra para a minha lista de livros que mais prazer me deram ao lê-los. À semelhança do que já tinha acontecido com o livro 2, também este livro se tornou numa espécie de apêndice e acompanhou-me para todo o lado. Nesta semana que levei a lê-lo, vivi algumas horas de completo surrealismo na minha "cidade dos gatos".

Muito se tem dito sobre a possibilidade de Haruki Murakami ser um eterno candidato ao Nobel, e sobre o merecimento ou não do referido prémio. Posso não ser a pessoa mais qualificada para o avaliar, e mesmo só tendo lido mais 4 livros do autor para além de 1Q84, na minha opinião seria um prémio justíssimo. Não li livros de todos os autores nobelizados, mas já de li de alguns que para mim são bastante inferiores a Murakami.

Quanto a 1Q84 recomendo sem qualquer reserva a quem gostar de histórias surreais, personagens bizarras, e capacidade e vontade de passar umas horas num mundo aparte onde nem tudo tem forçosamente de fazer sentido. Convém também dispor de algum tempo para lhe dedicar pois afinal ainda são cerca de 1500 páginas no total. É uma obra magnífica, grandiosa, e única. Durante a sua leitura dei comigo a pensar que esta história tal como nos é apresentada só poderia ter sido escrita por Murakami, nas mão de outro autor ou teria menos 500 páginas ou seria uma seca. Assim está perfeita, e a minha avaliação global para os 3 livros que fundo são só 1 é


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Opinião – Mataram a Cotovia

Harper Lee


Titulo: Mataram a Cotovia
Autor: Harper Lee

Titulo Original: To Kill a Mockingbird
Ano de Publicação Original: 1960

Editora: Relógio D'Água
Ano: 2012
Tradutor: Fernando Ferreira Alves
Páginas: 340
ISBN: 9789896412746


Sinopse: Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista.
Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando-os a refletirem, em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um modo brutal. Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em reclusão numa casa vizinha.

Opinião: Este foi um dos (ou mesmo o) livros que procurei por mais tempo e empenho. A edição esgotadíssima da extinta editora Difel foi durante muito tempo quase impossível de encontrar, e quando aparecia alguma ou desaparecia num ápice ou tinha um preço de fugir. Assim foi para mim uma excelente surpresa quando a editora Relógio D'Água reeditou esta obra.

Como devem calcular as minhas expectativas eram altíssimas, depois de tudo o que li sobre este livro e do tempo que esperei para o ler. Por isso aguardei algum tempo para lhe pegar, em parte porque tinha algum receio de me decepcionar. Não podia estar mais enganada...

Este livro não só não me decepcionou como superou todas as minhas expectativas. Considero-o uma grande prova de como uma história e uma escrita simples e descomplicada pode por vezes superar enredos complicadíssimos e escritas muito elaboradas. Já tenho lido livros com escritas tão complicadas e por vezes tão ocos de conteúdo que se tornam num suplicio e em alguns deles cheguei ao fim sem ter a certeza de ter captado a mensagem que o autor pretendia passar ou até mesmo partes do enredo. Com este livro aconteceu-me precisamente o contrário, li nas entrelinhas, captei a mensagem do autor até onde ela não está explicita, vivi os acontecimentos, emocionei-me com as personagens. Em suma uma lição de vida brilhantemente escrita da forma mais simples possível.

O enredo, bem descrito na sinopse, pode à primeira vista parecer banal, mas garanto-vos que está muito longe disso, é pelo contrário original pela sua visão dos factos, tocante pela sua simplicidade, magnifico por nos fazer reflectir quase sem nos apercebermos disso.

As personagens são fenomenais, a empatia é imediata, desde a pequena Scout ao recluso Boo, passando pelo Jem ou pela Miss Maudie mas tenho de destacar o Atticus Finch por quem criei uma enorme admiração. Adorei a sua visão da vida, o seu sentido único de justiça, o facto de acreditar que a maioria das pessoas são realmente boas quando finalmente as conhecemos. Precisamos de mais Atticus Finchs nas nossas vidas, que bom seria se todos nós conhecêssemos pelo menos um...

A minha única nota negativa para este livro vai para uma picuinhice minha que é o facto de ter as notas do tradutor no final. Não é o primeiro livro que leio assim, mas não gosto, para mim as notas têm de estar em rodapé, para que possam ser rapidamente consultadas.

Para terminar e como podem calcular este é um livro que não só recomendo sem qualquer reserva, como aconselho vivamente que não deixem de ler...


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Opinião - Sangue Asteca

Gary Jennings

Titulo: Sangue Asteca - Volume 2 de 2
Autor: Gary Jennings

Titulo Original: Aztec
Ano de Publicação Original: 1980

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2008
Tradutor: Carlos Romão
Páginas: 544

Sinopse: Em 1530, depois de Hernán Cortés quase extinguir o povo Asteca, o Rei de Espanha, ordena ao bispo do México que lhe faculte informação acerca dos costumes do povo Asteca. O bispo, frei Juan de Zumárraga, redige um documento baseado no testemunho de um ancião. Um homem humilde e submisso que vai chocar a moralidade e os preconceitos do mundo civilizado. O nome dele é Mixtli - Nuvem Obscura. Após Orgulho Asteca, Mixtli, o mais robusto e memorável de todos os Astecas, continua o relato da sua vida em Sangue Asteca. Mixtli já não é um jovem inocente. A sua infância, as suas viagens e batalhas, a perversidade da corte e os amores perdidos fizeram de Mixtli um homem marcado pelas cicatrizes de uma vida atribulada e muitas vezes trágica. O realismo e o desfecho deste maravilhoso livro, contam uma história que o leitor jamais irá esquecer. A História de Mixtli é em grande parte a história do próprio povo Asteca: épica e de uma dignidade heróica. Este é o princípio e o fim de uma colossal civilização.

Opinião: Hoje terminei a leitura deste 2º volume, Sangue Asteca, leitura que sem dúvida alguma vai deixar saudades e irei recordar por longo tempo. Neste volume assistimos a menos aventuras de Mixtli, menos relatos da cultura asteca, para darmos lugar aos hábitos dos espanhóis do século XVI, e aos relatos das suas conquistas dos diversos povos e terras da América do Sul com especial ênfase no povo Asteca. Nem por isso a narrativa se torna mais suave ou menos cruel, muito pelo contrário. Jennings mantém a sua forma de descrever os acontecimentos dura e sem anestesias, que muito apreciei, embora tenha de admitir que há passagens capazes de chocar e revoltar o mais insensível dos leitores, duras de ler, pois os detalhes são tantos que nos sentimos espectadores dos acontecimentos.

É um livro brutal, viciante, empolgante, e excelente por tudo o que nos transmite, seja a nível de aquisição de conhecimentos, seja pela capacidade de nos transportar para a época. Li o livro em 2 semanas (o que no meu caso e tendo em conta as suas 544 páginas é óptimo) e durante essas 2 semanas fui um pouquinho asteca e vivi junto com Mixtli e os seus conterrâneos os acontecimentos que determinaram a sua extinção.

Os meus conhecimentos da cultura asteca que eram fraquitos, melhoraram consideravelmente, assim como a minha visão da intolerância humana e dos erros e atrocidades que se cometem em nome dela. É impressionante constatar a propensão que o ser humano tem para ver a sua realidade, as suas crenças, os seus ideais como únicos e absolutos e ser tão intolerante perante a diferença, e arrepiante pensar que esta intolerância aliada na maioria dos casos à ganância já teve tantos resultados catastróficos ao longo da nossa História. E se observarmos bem à nossa volta continuamos a conviver com tantas intolerâncias seja a nível religioso, racial, sexual, político ou apenas cultural que não podemos deixar de reflectir…

Por tudo isto e pelo que deixo por dizer, a minha classificação para esta obra, no seu conjunto com o 1º volume Orgulho Asteca é de 5* - Adorei. Não poderia deixar de a atribuir, pois quase todos os requisitos que defini para esta classificação são aplicáveis a esta obra seja porque de facto tive pena de já ter terminado ou porque irei recordar esta história e Mixtli por longo tempo, mas principalmente pelo que mudou em mim com esta leitura. Só tenho duvidas se algum dia a irei reler, porque ainda são cerca de 1000 páginas e tenho tantos livros por ler :)

Recomendo os 2 volumes sem qualquer hesitação.


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2666 - www.wook.pt

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Na whislist


O Revisor - www.wook.pt

A Escriba - www.wook.pt