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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Opinião – O Valente Soldado Chveik de Jaroslav Hasek

Titulo: O Valente Soldado Chveik
Autor:  Jaroslav Hasek

Titulo Original: Osudy dobrého vojáka Švejka za svetové války
Ano de Publicação Original: 1923

Editora: Público
Ano: 2011
Tradução: Alexandre Cabral
Páginas: 187
ISBN: 9789896821692

Sinopse: Chveik, soldado astuto e malicioso, é o símbolo da posição negativa dos soldados checos em relação à Áustria durante a primeira guerra mundial, encarnando uma das mais profundas e saborosas sátiras ao militarismo. A caricatura que Hasek traça da burocracia militar austríaca corresponde a um protesto contra a guerra bem como contra a águia imperial.
O Valente Soldado Chveik é hoje um clássico da literatura mundial.

Opinião: Apesar de já ter terminado a leitura deste livro há algum tempo, devido a ter experimentado a leitura em simultâneo com outro livro, acabei por deixar esta opinião pendurada. Com as mil e uma coisas para fazer para o aniversário do blogue, deixei mesmo passar demasiado tempo, situação que não me agrada pois gosto de escrever as minhas opiniões mal acabo de ler um livro.

Dito isto, O Valente Soldado Chveik chegou-me às mão numa edição do Jornal Público, e mesmo sendo um livro para o qual tinha excelentes expectativas, foi mais um cuja leitura foi sendo adiada.

Talvez devido às altas expectativas que tinha a seu respeito, esta foi uma leitura que não me satisfez totalmente. Gostei da sátira à guerra e à burocracia da época, bem conseguida, com alguns momentos de um humor carregado de ironia. A personagem de Chveik é memorável,  sem duvida incomparável e única, mas não consegui vê-lo como um soldado astuto e malicioso como se pretendia, pareceu-me apenas uma personagem que oscila entre a ingenuidade de uma criança e a sabedoria de um velho, mas não vi intencionalidade ou premeditação nessas oscilações.

Eu tenho um sentido de humor algo peculiar e no que toca a sátiras, comédias e afins raramente concordo com os gostos da maioria. Neste caso tenho de concordar que o livro tem momentos muito bem conseguidos, em particular os que Chveik protagoniza juntamente com Otto Katz, um caricato capelão bêbedo, e na minha opinião a personagem mais bem conseguida do livro. Mas mesmo assim, para mim esta sátira ficou um pouco aquém do que esperava.

Não deixo no entanto de recomendar esta leitura a quem ainda não o leu. Jaroslav Hasek tem uma escrita bastante acessível, o livro é relativamente pequeno, e como já mencionei tem momentos muito bem conseguidos. E para leitores com um sentido de humor diferente do meu, poderá até ser uma obra prima.

Depois de alguma hesitação a minha classificação é...


quarta-feira, 19 de março de 2014

Opinião – A Dança dos Dragões - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Nove de George R.R. Martin

Titulo: A Dança dos Dragões - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Nove
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Dance with Dragons - A Song of Ice and Fire, Book 5
Ano de Publicação Original: 2011

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2011 (1ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 571
ISBN: 9789896371357

Sinopse: O Norte jaz devastado e num completo vazio de poder. A Patrulha da Noite, abalada pelas perdas sofridas para lá da Muralha e com uma grande falta de homens, está nas mãos de Jon Snow, que tenta afirmar-se no comando tomando decisões difíceis respeitantes ao autoritário Rei Stannis, aos selvagens e aos próprios homens que comanda.
Para lá da Muralha, a viagem de Bran prossegue. Mas outras viagens convergem para a Baía dos Escravos, onde as cidades dos esclavagistas sangram e Daenerys Targaryen descobre que é bastante mais fácil conquistar uma cidade do que substituir de um dia para o outro todo um sistema político e económico. Conseguirá ela enfrentar as intrigas e ódios que se avolumam enquanto os seus dragões crescem para se tornarem nas criaturas temíveis que um dia conquistarão os Sete Reinos?

Opinião: Como devem imaginar, apesar de estar tentar poupá-los para mais tarde, o facto de ainda ter dois livros desta saga por ler já me estava a causar "comichões" e não aguentei mais, teve de ser agora :) E ainda bem que não esperei mais tempo porque apesar do muito que gosto da saga é inevitável ir esquecendo os pormenores e neste caso isso irrita-me bastante. Por isso peguei no livro, pelo meio vi a 3ª temporada da série, e muitas vezes dei por mim a folhear os volumes anteriores para refrescar alguns detalhes. Já comecei a ler o décimo livro e nem quero imaginar como será se o autor nos fizer aguardar novamente 6 anos por um novo volume...

Quem leu a minha opinião sobre os 2 volumes anteriores sabe que não fiquei muito convencida com a ideia do autor em separar as personagens e contar a história em duas metades temporalmente paralelas. Senti a falta de algumas personagens de que gosto bastante e por isso gostei bastante de as rever neste livro. No entanto não pude deixar de sentir a falta da Arya que de todas personagens do 4º livro é a minha preferida. As boas noticias são que de acordo com o autor neste 5º livro a divisão de personagens só acontece na primeira metade do livro, ou seja no 10º volume que irei ler de seguida já devemos tê-los todos juntos novamente.

Mais uma vez esta primeira metade do livro não tem acontecimentos muitos marcantes, embora já os possamos prever. Ficamos a saber o destino das personagens em falta e o que andam a planear, temos algumas personagens novas e maior destaque para outras que pouco tinham aparecido. Continua a ser uma excelente saga, congratulo o autor pela imaginação, criatividade, escrita adequada, e por estar a conseguir não deixar muitas pontas soltas apesar da dificuldade que isso representa nesta saga. No entanto este é mais um volume um pouco morno, já sinto a falta de grande acontecimentos, de páginas de leitura vertiginosa, pelo que comparativamente aos volumes anteriores e para ser justa não posso atribuir-lhe mais que...


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Opinião – Noites Acabadas de Chegar de Paulo Afonso Ramos

Titulo: Noites Acabadas de Chegar
Autor:  Paulo Afonso Ramos

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Lua de Marfim
Ano: 2013
Tradução: n/a
Páginas: 45
ISBN: 9789898524874

Excerto: “Todos os dias são felizes porque tiveram como mãe cada noite que abriu o horizonte de existir”.




Opinião: Após ter iniciado uma nova parceria com a editora Lua de Marfim, o seu editor e fundador, o poeta Paulo Afonso Ramos, fez a gentiliza de me presentear com um dos seus livros, Noites Acabadas de Chegar.

Com este gesto que muito agradeço, o autor sem se aperceber conseguiu colocar-me numa situação que tenho tentado evitar desde que criei o blogue, a de opinar sobre poesia. Isto porque, como mencionei ao criar o espaço Cantinho do Poeta, gosto de poesia mas estou longe de ser uma entendida, pelo que não me considero minimamente capacitada para redigir uma opinião sobre um livro de poesia. Para ser mais honesta, tenho alguns livros de poesia, mas que me lembre este foi o primeiro que li do principio ao fim, sem interrupções. Normalmente costumo ler 2 ou 3 poemas num dia, voltar a pegar no livro  noutro dia e ler mais 2 ou 3, até terminar.

Apesar de tudo isto gostei bastante deste pequeno livro pelo que vou deixar-vos uma também pequena, opinião, com base naquilo que ele me transmitiu e não como uma perita em poesia que não sou.

Esta é uma forma de poesia a que estou pouco habituada, a poesia em prosa, mas que de certa forma facilitou a leitura e o assimilar da mensagem. Foram 45 páginas de muita sensibilidade, que nos falam de saudade, solidão, amor, incertezas e esperanças. Gostei da escrita intimista e positiva e de ficar a conhecer um novo autor português. Recomendo.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Opinião – Eu, Malala de Malala Yousafzai e Christina Lamb

Malala Yousafzai e Christina Lamb
Titulo: Eu, Malala
Autor:  Malala Yousafzai e Christina Lamb

Titulo Original: I Am Malala
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Editorial Presença
Ano: 2013
Tradução: Maria de Almeida; António Carlos Andrade; Cristina Carvalho
Páginas: 351
ISBN: 9789722351737

Para mais informações sobre o livro Eu, Malala, clique aqui

Sinopse: No dia 9 de outubro de 2012, Malala Yousafzai, então com 15 anos, regressava a casa vinda da escola quando a carrinha onde viajava foi mandada parar e um homem armado disparou três vezes sobre a jovem. Nos últimos anos Malala - uma voz cada vez mais conhecida em todo o Paquistão por lutar pelo direito à educação de todas as crianças, especialmente das raparigas - tornou-se um alvo para os terroristas islâmicos. Esta é a história, contada na primeira pessoa, da menina que se recusou a baixar os braços e a deixar que os talibãs lhe ditassem a vida. É também a história do pai que nunca desistiu de a encorajar a seguir os seus sonhos numa sociedade que dá primazia aos homens, e de uma região dilacerada por décadas de conflitos políticos, religiosos e tribais. Um livro que nos leva numa viagem extraordinária e que nos inspira a acreditar no poder das palavras para mudar o mundo.

Opinião: Biografias não são um género de livro que leia muito frequentemente, acho mesmo que nunca tinha lido uma biografia de alguém tão jovem. Mas esta é uma menina cuja, ainda curta, vida está mais repleta de acontecimentos marcantes e trágicos que muitos idosos, pelo que na minha opinião é perfeitamente justificável escrever uma  biografia aos 16 anos.

Como a maioria de vós, antes de pegar neste livro já sabia um pouco da história de Malala, mas este livro fala-nos da sua infância, da sua determinação e coragem, da vontade de aprender, da sua família e de todo o ambiente que a rodeia no Paquistão e no final em Inglaterra. Tinha lido recentemente um livro que falava da vida dos emigrantes paquistaneses em Inglaterra, pelo que gostei de ler este outro ponto de vista do país. Aqui vemos o Paquistão pelos olhos de alguém que nele habitou quase toda a sua vida, que teve de lutar diariamente pelos direitos mais básicos de qualquer criança, que se viu forçada da pior forma possível a abandoná-lo, mas ainda assim anseia pelo regresso com uma saudade imensa de um lugar que aos seus olhos é incomparavelmente belo.

Fiquei com uma enorme admiração por esta menina, comoveu-me a forma simples como vê o mundo, a sua vontade de aprender. Quando pensamos na rotina diária das nossas crianças, na forma como muitas delas encaram a educação e a comparamos com a realidade de alguém como Malala, há um fosso gigantesco a separá-las. É para nós impensável que uma criança tenha de batalhar pelo direito à educação, pondo inclusive a sua vida em risco, mas infelizmente esta realidade existe.

Como obra literária este livro não é uma obra prima, mas penso que também não seria essa a intenção. A narração dos acontecimentos nem sempre é fluída, por vezes o ritmo é quebrado com o "despejar" de demasiada informação sobre a História do Paquistão. Mas apesar disso, é um bom livro pela história que nos conta, vale a pena ficar a conhecer um ser humano tão inspirador como Malala. Recomendo como tal esta leitura a todos que queiram conhecer melhor esta menina guerreira, e especialmente se forem estudantes, acho que vos fará encarar o ensino de uma outra perspectiva.

Deixo-vos um pequeno excerto, um poema adaptado por Martin Niemöller, um pastor luterano alemão que viveu durante o regime Nazista. No livro Malala diz-nos que o pai o costumava transportar no bolso.

"Primeiro vieram buscar os comunistas,
e eu não me insurgi porque não era comunista.
Depois vieram buscar os socialistas,
e eu não me insurgi porque não era socialista.
Depois vieram buscar os sindicalistas,
e eu não me insurgi porque não era sindicalista.
Depois vieram buscar os judeus,
e eu não me insurgi porque não era judeu.
Depois vieram buscar os católicos,
e eu não me insurgi porque não era católico.
Depois vieram buscar-me a mim,
e não restava ninguém para se insurgir por mim."

(pág.155)


domingo, 19 de janeiro de 2014

Opinião – Ararat de Alexandre Saro

Alexandre Saro

Titulo: Ararat
Autor: Alexandre Saro

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Chiado Editora
Ano: 2013
Tradução: n/a
Páginas: 280
ISBN: 9789895103898

Sinopse: Segundo a tradição judaico-cristã, após meses de diluvio universal, a Arca de Noé terá tocado terra firme num monte chamado de Ararat. Foi nesse local que os filhos de Noé recomeçaram a titanesca tarefa de recolonização do planeta. Milénios depois, algures no Minho profundo, reconstruir essa arca torna-se no desígnio de uma Instituição pública da região.
"Ararat" conta essa história. As vidas, os propósitos, medos, ilusões, mesquinhez e a forte presença da religião.
Um emigrante ilegal vem para Portugal em busca de um sonho. Um político local tenta reformar-se com dinheiro e glória. Um jovem ambicioso engenheiro reencontra uma paixão antiga jamais consumada, enquanto um advogado descobre ter casado por amor. Percursos de vida entranhados de ambição e frustração.
Em síntese, "Ararat" é a história colateral à edificação de uma obra pública. A história marginal aos grandes desígnios. Ou, talvez quem sabe, a história principal.
É uma narrativa negra ilustrativa das debilidades contemporâneas dos descendentes de Noé.

Opinião: Como já anteriormente mencionei este livro chegou-me às mãos através do próprio autor que o quis submeter à minha opinião. Por isso comecei a lê-lo sem qualquer tipo de expectativas, uma vez que não conhecia a escrita do autor, nem tinha ainda lido ou ouvido qualquer opinião acerca do livro. E fiquei agradavelmente surpreendida, por uma escrita de fácil leitura mas cuidada, por um enredo que sem ser muito intrincado está bem pensado, e sobretudo pelo sarcasmo e capacidade critica do autor.

Neste livro Alexandre Saro pega no que a sociedade portuguesa tem de pior e faz uma "caricatura" muito bem conseguida da mesma, plena de sarcasmo e ironia. É uma critica de costumes, um retrato negro dos nossos políticos, das nossas falsas moralidades, das grandes negociatas, de projetos megalómanos e inúteis. Enfim de tudo aquilo que levou o país ao seu estado atual.

Quantos às personagens ainda que algumas estejam exageradamente caracterizadas (ao estilo de uma caricatura) não há como não reconhecer nalgumas delas, um vizinho, um colega, uma figura publica... Na sua maioria são completamente odiosas, repugnantes mesmo, como penso que fosse a intenção do autor.Mas também existem algumas personagens bastante memoráveis e empáticas com é o caso do Padre Luís que adorei e até mesmo Szaza um georgiano que se vai intrometendo na história de uma forma bastante original. Também gostei bastante da "explosão" de Teresa perante a vida que leva. A única personagem que achei um pouco aquém foi Miguel que para protagonista é um pouco morno, mas a verdade é que a vida está cheia de Migueis.

Em resumo, ainda não é uma obra prima mas para primeiro romance está bem conseguido. Acho que Alexandre Saro promete futuros bons livros e recomendo que leiam este para começar.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Opinião – O Festim dos Corvos - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Sete de George R.R. Martin

George R.R. Martin

Titulo: O Festim dos Corvos - As Crónicas de Gelo e Fogo - Livro Sete
Autor: George R.R. Martin

Titulo Original: A Feast for Crows - A Song of Ice and Fire, Book 4
Ano de Publicação Original: 2005

Editora: Saída de Emergência
Ano: 2009 (1ª Edição)
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 443
ISBN: 9789896370978

Sinopse: Continuando a saga mais ambiciosa e imaginativa desde O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Gelo e Fogo prosseguem após o violento triunfo dos traidores.
Enquanto os senhores do Norte lutam incessantemente uns contra os outros e os Homens de Ferro estão prestes a emergir como uma força implacável, a rainha regente Cersei tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real.
Os jovens lobos, sedentos por vingança, estão dispersos pela terra, cada um envolvido no perigoso jogo dos tronos. Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, Bran desapareceu na vastidão enigmática para além da Muralha, Sansa está nas mãos do ambicioso e maquiavélico Mindinho, Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha mas tem que enfrentar a vontade férrea do rei Stannis e, no meio de toda a intriga, começam a surgir histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo…
Numa terra onde muitos se proclamaram como reis e rainhas, todos estão convidados para O Festim dos Corvos. Venha descobrir quem serão os sobreviventes!

Opinião: Já há uns dias que terminei de ler mais este volume da saga As Crónicas de Gelo e Fogo, no entanto hesitei um pouco para vos deixar a minha opinião.

Já parti para a leitura deste novo volume com a noção que muito dificilmente igualaria os 2 volumes que compõem o terceiro livro, no entanto não estava à espera que a narrativa parasse tanto. Foi de longe o livro desta saga que mais tempo demorei a ler, e se isso em parte se deveu a me encontrar numa fase de cansaço e preguiça mental, não foi essa a única razão. A verdade é que depois um livro em que tudo acontece, passamos para outro em que aparentemente nada acontece e as personagens que já se encontravam bastante reduzidas pela grande carnificina do terceiro livro, ficam ainda mais reduzidas neste volume pois cerca de metade dos sobreviventes são simplesmente ignorados. Assistimos de camarote ao regozijo de meia dúzia de personagens que julgam ter a vitória garantida, à disputa de outros tantos por um pequeno pedaço de Westeros, uma ou outra personagem que ainda procura alguma justiça mas sem grande ânimo, e até as novas personagens introduzidas pouco interesse despertam por agora. E o que mais me desapontou foi o facto de algumas das minhas personagens preferidas terem perdido relevância ou nalguns casos desaparecido por completo. Na maioria das minhas noites de leitura fechei o livro porque o sono o exigiu e não por já ser demasiado tarde, o que no meu caso não é bom sinal.

Esta opinião está um pouco "azeda" e temo estar a passar-vos a ideia errada. Este não é um mau livro, a escrita de George R.R. Martin continua excelente e adequada a um livro de fantasia, a ideia geral da história continua presente e no geral o livro é interessante, apenas muito mais lento e menos empolgante. Mas tenho esperança que à semelhança do que aconteceu nos primeiros livros George R.R. Martin tenha guardado o melhor para a segunda metade pelo que parto para a leitura de O Mar de Ferro com alguma expectativa.

Como não quero de todo ser demasiado crítica com um dos volumes de uma saga que estou a adorar, a minha classificação para este livro vai ter em conta todo o contexto da história em que está inserido, e é:




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Opinião – A Última Fugitiva de Tracy Chevalier

Tracy Chevalier
Titulo: A Última Fugitiva
Autor: Tracy Chevalier

Titulo Original: The Last Runaway
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Editorial Presença
Ano: 2013 (1ª Edição)
Tradução: Catarina F. Almeida
Páginas: 288
ISBN: 978-972-23-5086-0

Para mais informações sobre o livro A Última Fugitiva cliquem aqui .

Sinopse: A Última Fugitiva é um romance vibrante sobre os tempos que antecederam a guerra civil norte-americana e a abolição da escravatura. Passa-se no Ohio rural, na década de 1850. Honor Bright é uma jovem quaker de Dorset que parte para a América em busca de uma nova vida. Cedo toma contacto com o Underground Railroad, um movimento de pessoas que ajudam os escravos negros a fugir para norte em busca da liberdade, uma causa a que os quakers eram muito sensíveis. Tracy Chevalier entretece com entusiasmo e beleza a história dos quakers pioneiros e a dos escravos fugitivos, revelando o espírito e a coragem de homens e mulheres comuns que tentaram fazer a diferença, desafiando até as suas próprias convicções mais profundas.

Opinião: Precisava de fazer mais uma pausa na saga que ando a seguir, e aproveitei a chegada deste A Última Fugitiva para logo o começar a ler. E ao contrário da ultima pausa que tinha feito e que não me entusiasmou, este romance histórico passado no Ohio na década de 1850 foi um surpresa agradável.

Confesso que inicialmente demorei um pouco a entrar no ambiente do livro, isto porque embora já tenha lido bastante sobre o período da escravatura nos EUA, este tem uma abordagem do tema bastante diferente e eu pouco ou nada sabia sobre os quakers, as suas crenças, ou até sobre objetos tão importantes neste livro como as coifas ou os quilts. E esta a foi a primeira surpresa agradável neste livro, o quanto se pode aprender sobre a história de um país ou de uma época através de simples objetos como estes. Nota-se que a autora fez uma pesquisa cuidadosa e consegue introduzir a informação na narrativa sem quebrar o ritmo nem sentirmos que estamos numa aula de História.

A segunda boa surpresa foi a protagonista. Honor começa por ser uma protagonista que facilmente gera empatia, mas tímida e um pouco apagada. No entanto aos poucos, de mansinho e quase sem nos apercebermos, vai-nos conquistando, vamos acompanhando os seus problemas e dilemas desejando saber o que irá decidir, que rumo tomará a sua vida. Embora psicologicamente não seja uma protagonista com que me identifique dei por mim inúmeras vezes a pensar no faria se estivesse no seu lugar.

Para terminar gostei bastante que o final não fosse o mais previsível, nem o mais romântico e sim o mais adequado à protagonista e a um livro que pretende ser um romance histórico.

Em resumo, é um bom livro, com um enredo interessante que recomendo a quem gosta de romances históricos ou desta época em particular. Uma autora a reler.


quarta-feira, 20 de março de 2013

Opinião – As Sete Maravilhas do Mundo de Steven Saylor

Steven Saylor


Titulo: As Sete Maravilhas do Mundo
Autor: Steven Saylor

Titulo Original: The Seven Wonders
Ano de Publicação Original: 2012

Editora: Bertrand Editora
Ano: 2012
Tradução: Pedro Carvalho e Rita Guerra
Páginas: 358
ISBN: 9789722525169

Sinopse: Corre o ano de 92 a.C. e Gordiano acabou de fazer 18 anos e está prestes a embarcar na aventura de uma vida: uma longa viagem para visitar as Sete Maravilhas do Mundo. Gordiano ainda não recebeu o nome de o Descobridor – mas, em cada uma das Sete Maravilhas, o jovem romano de olhos grandes encontra um mistério que desafia os seus poderes de dedução.
A acompanhar Gordiano nas suas viagens está o seu tutor, Antípatro de Sídon, o poeta mais celebrado do mundo. Contudo, o velho poeta, ao que tudo indica inofensivo, é mais do que parece à primeira vista. Antes de partirem, Antípatro finge a própria morte e viaja sob uma identidade falsa. Em segundo plano, surgem os primeiros indícios de uma sublevação política que agitará todo o mundo romano.
Professor e pupilo viajam pelas lendárias cidades da Grécia e da Ásia Menor, seguindo, depois, para a Babilónia e o Egito. Assistem aos Jogos Olímpicos, participam em festivais exóticos e maravilham-se com as mais espetaculares construções alguma vez concebidas pela humanidade. No caminho, deparam-se com assassínios, magia e assombramentos fantasmagóricos.

Ao misturar mistério, magia e trabalho detetivesco com um empolgante vislumbre do mundo antigo, das suas maravilhas e intrigas, Steven Saylor revela, por fim, a história de Gordiano e de como este se tornou o homem que viria a ser conhecido como o Descobridor.

Opinião: Recebi este livro o Natal passado e estava com bastante curiosidade para o ler. Embora já tivesse ouvido falar de Steven Saylor, é o primeiro livro que leio deste autor. Como gosto imenso do género romance histórico, e as Sete Maravilhas da Antiguidade sempre me fascinaram, estavam reunidas  as condições para uma leitura agradável que este livro viria a revelar-se. Confesso que a única coisa que, antes de iniciar a leitura, não estava a encaixar  muito bem era parte detetivesca.

A semana passada foi um complicada, com muito pouco tempo livre, e muito sono nesse pouco tempo. Este foi o único motivo que me levou a demorar um pouco mais a ler este livro, pois a escrita do autor, é simples e fluída  e a história interessante e com ritmo. Não fosse o sono e seria daqueles livros para ler noite dentro.

A meio da leitura dei por mim a pensar no quanto estava a assimilar da História das Sete Maravilhas e dos hábitos dos povos das terras onde estas se situavam sem que nunca me parecesse estar numa aula de História. Pelo contrário, o autor consegue descrever-nos os locais e os monumentos de uma forma tão realista que nos sentimos parte do enredo, como se estivéssemos a vê-los pelos olhos de Gordiano. Esta é para mim a grande mais valia deste livro, Não fora o facto de apenas uma delas continuar de pé, e já estaria a sonhar com uma visita a todas as 7 Maravilhas. Resta-me a Grande Pirâmide, mas está nos meus planos... :)

A parte detetivesca ou de thriller no meu entender não está tão bem conseguida, em parte talvez devido à pouca idade do protagonista. Por vezes a inserção dos mistérios no enredo pareceu-me um pouco forçada e algumas das soluções demasiado óbvias. No entanto não estragam o livro, e embora pessoalmente preferisse que o autor incluísse menos mistérios ou mesmo que se resumisse apenas a um de solução mais intrincada, estes não me aborreceram nem fizeram com que perdesse o interesse. O único que irritou um pouco foi precisamente o da Grande Pirâmide, pois apesar de até poder ter algum fundamento histórico está demasiado fantasioso para o que se pretendia do livro.

As personagens são de fácil empatia, Gordiano é um adolescente determinado e perspicaz, e das inúmeras personagens com que se cruza nas suas viagens destaco a sedutora Bito. Na minha opinião a fusão das personagens ficticias com personagens históricas como Antípatro de Sídon também está bem conseguida.

Deixo ainda uma nota positiva para a Cronologia e Notas do Autor, devidamente colocadas no final do livro. Quando acabo de ler um livro de ficção histórica gosto de ter  noção de até onde vão os factos e começa a ficção.

Em resumo um livro que recomendo pelo que dele se pode retirar sobre as Sete Maravilhas da Antiguidade e pelas horas descontraídas e prazerosas que a sua leitura proporciona.

Termino com um pequeno poema de Antípatro de Sídon dedicado a Corinto, um dos muitos locais visitados pelos protagonistas:

Onde, ó Corinto, está agora a tua afamada beleza?
As ameias e os baluartes, os templos e as torres onde estão?
Onde está a multidão que vivia dentro das tuas muralhas?
As matronas que faziam vigilias nas suas residencias sagradas, onde estão?
Cidade de Sísifo, não resta qualquer traço de ti.
A guerra acomete e devora, toma um pouco e exige mais.
Só as filhas de Oceano choram por ti.
Sobre a costa deserta as lágrimas das Nereidas depositam os seus sais.


segunda-feira, 4 de março de 2013

Opinião – Tim de Colleen McCullough

Colleen McCullough

Titulo: Tim
Autor: Colleen McCullough

Titulo Original: Tim
Ano de Publicação Original: 1974

Editora: Revista Sábado
Ano: 2009
Tradução: Maria do Carmo Cary
Páginas: 199
ISBN: n/disponivel

Sinopse: Num bairro acomodado de Sydney, Austrália, um grupo de operários trabalham na casa ao lado da de Mary Horton, uma mulher madura e solteira, cuja vida tem sido basicamente dedicada ao trabalho. Quando o seu olhar encontra entre os pedreiros Tim Melville, um jovem de perturbadora beleza e sorriso resplandecente, que padece de uma deficiência mental, Mary pede-lhe que se encarregue do seu jardim e acaba por desenvolver uma profunda amizade com o jovem adónis. Uma relação que modificará ambos, já que a luz interior dele acabará por regenerar a sua vida, e a sua sabedoria despertara nele um desejo de melhoria pessoal.

Opinião: Com tanto que esta autora já tinha sido falada por aqui, impunha-se que lesse mais livros da sua autoria. Resolvi fazê-lo começando pelo início ou seja pelo primeiro livro que escreveu, e que já tinha há algum tempo por ai nas prateleiras. Trata-se de uma edição da revista Sábado, que nessa altura nos brindou com alguns títulos óptimos a preços muito simpáticos.

 Não sendo um romance excepcional e mesmo estando longe de ser uma obra-prima, gostei desta leitura principalmente pelos temas que aborda, uma relação entre 2 seres humanos que não podiam ser mais diferentes e as deficiências do ser humano.

As personagens Mary Horton e Tim Melville estão bem caracterizadas, definidas pelas suas diferenças, embora a constante chamada de atenção para a extraordinária beleza de Tim por vezes seja um pouco enervante. Mas gostei do contraste, da atração entre uma quarentona, inteligente e decidida, mas feia e sentimentalmente “deficiente” e um jovem extremamente belo, com uma enorme capacidade de amar, mas imaturo e mentalmente “deficiente”. De tão diferentes que são, acabam por se completar na perfeição.

Destaco ainda a personagem John Martinson, que num discurso frontal e franco consegue alertar-nos para a realidade e fazer a obstinada Mary Horton mudar de opinião.

O que retiro deste livro é essencialmente a noção de que no fundo todos temos "deficiências" seja num aspeto ou noutro, e que muitas vezes quanto mais inteligentes somos mais complicamos a vida e aquilo que ela tem de mais simples. Dei por mim nalguns momentos a admirar a simplicidade de Tim, a sua visão descomplicada do mundo e dos sentimentos. Este livro fez-me também refletir sobre a importância que damos à opinião dos outros, muitas vezes sem nos apercebermos, e o quanto podemos estar a perder ao agirmos em função do que os outros poderão pensar.

Não foi uma leitura que me deslumbrasse, mas penso que em parte isso se deve ao facto de se ter seguido a uma leitura que me arrebatou por completo, e mesmo sem querer acabo por fazer comparações que não devia. Sendo este o primeiro livro escrito por esta autora penso que a escrita ainda demonstra alguma inexperiência, mas é clara e fluída, sem pretensiosismos, e sem cair nas lamechices que muitas vezes vemos associadas a temas como estes.

Para finalizar deixo também um pequeno excerto, parte da conversa que referi entre John Martinson e Mary Horton:

"- Pense numa coisa que lhe vou dizer, Mary. Porque é que Tim não há-de casar? Porque é que o Tim há-de ser diferente dos outros homens? Pode garantir-me que o considera como um homem, mas não estou de acordo. As únicas vezes em que pensou nele como se fosse um homem ficou horrorizada consigo mesma, é ou não é verdade? Cometeu o mesmo erro que toda a gente comete em relação aos atrasados mentais. Na sua ideia Tim não passa de uma criança que nunca cresceu nem há-de crescer. Mas ele não é uma criança, Mary! Tal como as pessoas normais, os atrasados mentais crescem e mudam com a idade; deixam de ser crianças, no âmbito limitado das suas capacidades de desenvolvimento psíquico. Tim é um homem adulto, com todos os atributos físicos do homem adulto e com um metabolismo hormonal completamente normal. Se ele tivesse sofrido uma lesão numa perna ficava coxo; como a lesão dele foi no cérebro, coxeia mentalmente, mas essa incapacidade não impede que seja um homem, tal como o seria com uma perna aleijada." (pág. 156)


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Opinião – Romeu e Julieta

William Shakespeare


Titulo: Romeu e Julieta
Autor: William Shakespeare

Titulo Original: Romeo and Juliet
Ano de Publicação Original: 1597

Editora: Revista Visão
Ano: 2000
Tradução: Maria José Martins
Páginas: 92
ISBN: 9726116082

Sinopse: A obra de William Shakespeare perdurou ao longo dos séculos como referência inigualável da literatura dramática universal. Com Romeu e Julieta, o autor criou um dos mitos da nossa civilização, através de um enredo habilmente construído, em que o amor e a morte se encadeiam numa sucessão emocionante de encontros e desencontros, ódios e amizades, esperanças e desesperos. Na verdade, a paixão dos dois jovens, pertencentes às famílias rivais dos Capuletos e dos Montecchios, acaba por ter um destino trágico e redentor, que marca uma das mais belas histórias de amor.

Opinião: Depois de ter lido 4 livros recentes, tive vontade de pegar num clássico, uma obra bem antiga. E o mais antigo que tinha cá por casa por ler era este Romeu e Julieta publicado pela primeira vez em 1597.

Este livro faz parte da coleção Novis, que saiu no ano 2000 com a revista Visão. Na altura comprei quase todos os volumes mas a verdade é que ainda tenho alguns por ler.

Foi sem expectativas que peguei neste livro, quanto mais não seja porque não há quem não conheça a história pelo menos em linhas gerais. Descobri no entanto que desconhecia alguns detalhes que fazem toda a diferença, assim como desconhecia o facto de o enredo não ser originalmente de Shakespeare mas baseado num conto italiano, publicado em versos como The Tragical History of Romeus and Juliet por Arthur Brooke em 1562, e em prosa como Palace of Pleasure por William Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação com personagens secundários, especialmente Mercúrio e Páris, a fim de expandir o enredo.

Quanto a esta obra em si não posso deixar de elogiar a magnifica escrita de Shakespeare, elaborada e poética e algumas personagens memoráveis como Frei Lourenço e Mercúrio, embora por motivos opostos. Frei Lourenço personifica a sensatez, a maturidade, e Mercúrio o arrebatamento e o sarcasmo.

Tendo lido recentemente Gil Vicente (A Farsa de Inês Pereira) não posso deixar de fazer uma pequena comparação. A linguagem de Gil Vicente, talvez pelo facto de não estar sujeita a uma tradução é muito mais complicada de acompanhar, no entanto li a Farsa de Inês Pereira muito mais rapidamente e passo a explicar o motivo. Sendo Romeu e Julieta o expoente máximo do romantismo, e eu uma criatura pouco romântica tenho de confessar que a parte inicial de tão "melosa" por vezes aborreceu-me e teve um efeito soporífero :) Mas a parte final e as personagens que citei acima compensam. Gostei mais da parte trágica da história do que do romantismo exacerbado de Romeu, que mesmo tendo em conta a idade e os séculos que nos separam pareceu-me sempre pouco credível.

No geral recomendo, vale a pena ler principalmente para ficar a conhecer os detalhes de uma história tão familiar a quase todos nós.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Opinião – 21.12

Dustin Thomason


Titulo: 21.12
Autor: Dustin Thomason

Titulo Original: 12.21
Ano de Publicação Original: 2012

Editora: Editorial Presença
Ano: 2012
Tradução: Maria Eduarda Colares
Páginas: 350
ISBN: 9789722348720

Sinopse: Nas profundezas da floresta centro-americana, um caçador de tesouros descobre um códice precioso, preservado durante séculos nas ruínas de uma cidade maia oculta na vegetação intrincada e exuberante. Sabedor do valor monetário daquele achado, o homem leva-o consigo para os Estados Unidos a fim de o esconder em lugar seguro. Na primeira semana de Dezembro de 2012, o documento é entregue a Chel Manu, curadora de antiguidades no Getty Museum e uma autoridade mundial em paleografia e inscrições maias. Entretanto, num hospital em Los Angeles, um sul-americano não identificado está a morrer de uma doença neurológica rara mas altamente contagiosa. O doente, no seu delírio, exprime-se num dialeto desconhecido, e Stanton, o médico que o assiste, contacta Chel Manu para ela traduzir as palavras do moribundo. Porém a epidemia alastra incontrolavelmente e tudo indica que a célebre profecia apocalíptica baseada no calendário maia poderá vir a cumprir-se. Stanton e Chel juntam esforços, mas resta-lhes muito pouco tempo para decifrar os segredos do códice e tentar impedir o profetizado apocalipse...

Opinião: Peguei neste livro sem expectativas de maior, em parte devido à sua temática estar já um pouco gasta e até ultrapassada (21/12) e também por não ser grande apreciadora do fanatismo e e de todo o alarido que formou à volta da profecia do calendário maia. No entanto até gostei da abordagem do autor e da perspectiva da personagem Chel Manu, que sendo maia e estudiosa da sua cultura nunca defende o fanatismo da profecia.

Como thriller, a história não me entusiasmou por aí além, falta-lhe algum mistério e suspense, mas gostei bastante das partes sobre o povo e a cultura maia. Posso mesmo afirmar que para mim as partes mais interessantes do livro, são as da tradução do códice, A história dentro da história, narrada por Paktul, entusiasmou-me bastante mais que a narrativa passada em 2012, pena que seja tão curta.

Assim é um livro que gostei e recomendo essencialmente pelo que dele se pode retirar e aprender sobre a cultura maia, e também algumas noções de ciência/medicina  (acreditem que durante os primeiros capitulos considerei a hipótese de me tornar vegetariana :).


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Opinião – 1Q84 - Livro 1



Titulo: 1Q84 - Livro 1
Autor: Haruki Murakami

Titulo Original: 1Q84
Ano de Publicação Original: 2009

Editora: Casa das Letras
Ano: 2011
Tradução: Maria João Lourenço e Maria João da Rocha Afonso
Páginas: 490
ISBN: 9789724620534

Sinopse: Num mundo aparentemente normal e de contornos reconhecíveis, movem-se duas personagens centrais: Aomame, uma mulher independente, professora de artes marciais, e Tengo, professor de matemática. Os dois estão quase a entrar na casa dos trinta anos, têm ambos vidas solitárias e ambos se dão conta de ligeiros desajustamentos à sua volta, que os conduzirão fatalmente a um destino comum. Falta dizer que tanto um como o outro são mais do que parecem: a bela Aomame, nas horas vagas, é uma assassina que mata as suas vítimas sem deixar vestígios,, levando toda a gente a pensar que morreram de morte natural; o apagado Tengo, um escritor em construção a quem o editor, Komatsu de seu nome, encarregou de trabalhar na edição de Crisálida de Ar, obra prometedora, nascida da imaginação (ou talvez não...) de uma adolescente enigmática, Fuku-Eri.
Como pano de fundo, o universo típico da melhor ficção assinada por Murakami.
As seitas religiosas, que o autor investigou a fundo para escrever um livro de não-ficção, os maus-tratos infligidos às mulheres na sociedade actual, e a corrupção que grassa um pouco por toda a parte, são tudo temas poderosos, entre outros, naturalmente que o narrador disseca com precisão orwelliana.
Em 1Q84, Murakami constrói um universo romanesco em que se cruzam histórias inesquecíveis e personagens cativantes. Onde acaba o Japão e começa o admirável mundo novo em que vivemos? Uma ficção que ilumina de forma transversal a aldeia global em que vivemos.

Opinião: Como creio que já tive oportunidade de mencionar neste blogue, Haruki Murakami é um dos (senão o) meus escritores preferidos. Gosto essencialmente de viajar pelos seus ambientes surreais, povoados de personagens excêntricas, e da forma peculiar como aborda determinados temas.

No entanto neste livro, após as páginas iniciais que nos dão uma visão muito intrigante das personagens principais, Tengo e Aomame, que considerei muito interessantes e bem ao estilo de Murakami, surgem outras quantas em que a leitura se torna mais morosa, difícil de acompanhar, digamos que somos inundados de muita informação e pouca acção, principalmente se tivermos em conta que ao ler toda essa informação ainda não sabemos que utilidade lhe dar, nem onde é que a mesma se encaixa na história.

Felizmente esta parte não dura muitas páginas e bem antes do meio do livro, dei comigo novamente muito entusiasmada com a leitura, à medida de que algumas peças da história começam a encaixar-se umas nas outras. Inclusive por duas ou três vezes voltei atrás na leitura para ir buscar elementos daquela parte mais morosa, que na altura em que os li por não saber a importância que teriam na história não lhes tinha dado a devida atenção. Por isso se o lerem, recomendo que prestem atenção até aos pormenores que na altura vos pareçam irrelevantes.

Gostei também particularmente de alguns dos temas abordados como as seitas religiosas e a violência doméstica, e neste campo vê-se que o autor fez o seu trabalho de pesquisa e consegue fazer um retrato bastante preciso.

Deixo uma pequena nota negativa para algumas gralhas que existem principalmente no inicio do livro, que mesmo não sendo muitas, são graves.

Em resumo, estou muito empolgada com a história, parto com imensa curiosidade para o 2º livro, mas sem ler o restante não o posso considerar para já ao nível de outras obras do autor que já li e como tal a minha nota por agora fica-se por um modesto:


domingo, 25 de novembro de 2012

Opinião – O Físico Prodigioso

Jorge de Sena


Titulo: O Físico Prodigioso
Autor: Jorge de Sena

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 1964

Editora: Público
Ano: 2011
Tradutor: n/a
Páginas: 141
ISBN: 9789896821678

Sinopse: «Símbolo da liberdade e do amor», nas palavras do seu autor, O Físico Prodigioso é uma obra de 1964 aqui apresentada segundo a reedição de 1977. Novela fabulosa, bebe na tradição do conto fantástico português, mais concretamente no Orto do Esposo, selecta anónima do século XV, inspirando-se em dois episódios narrativos dela constantes, amplificando-os e enriquecendo-os. Nesta obra, mais uma vez Jorge de Sena se nos revela como escritor plural, criando um ambiente medieval, religioso e mítico, evocando cantigas de amigo e sublimando um texto marcado pelo erotismo, breve marca do humano, punida pela moralidade vigente.

Opinião: Adquiri este livro numa colecção lançada pelo jornal Público em 2011, por sinal a preços bastante elevados para a qualidade das edições, mas com algumas obras bastante interessantes. Nunca tinha lido Jorge de Sena e na altura este título chamou-me a atenção pelo que o incluí nas obras a adquirir.

Nesta pequena novela que começou por ter o formato de conto na sua primeira edição o autor baseia-se em 2 episódios de uma obra literária de carácter religioso, escrita por um monge anónimo entre os finais do século XIV e inícios do século XV, intitulada Orto do Esposo. São esses dois episódios, o do homem com poderes mágicos de cura com o seu sangue e de ressurreição dos mortos, e o do homem que não pôde ser enforcado porque o Diabo o protegia levantando-o no ar. Misturando e complementando os dois episódios numa só história o autor escreve o que se denominou de conto fantástico português, e o que uma quase leiga como eu chamaria de um conto de fadas para adultos, passado na Idade Média com algum erotismo à mistura.

Tenho acima de tudo de reconhecer a esta obra, a magnifica qualidade da escrita do autor, e um certo experimentalismo muito inovador, ainda mais se tivermos em conta a época em que foi escrito e publicado. O autor intercala por diversas vezes a narrativa com poemas da sua autoria em jeito de cantigas de amigo, e noutras alturas a narrativa dispõe de duas versões para a mesma situação, a “moral” e a “imoral” classifiquemos assim.

Apesar de tudo isto, a história não me entusiasmou particularmente, achei que lhe falta alguma emoção, ou um pouco de mistério, pelo que não posso considera-lo uma obra-prima mas gostei o bastante desta leitura para o recomendar a todos que como eu queiram conhecer a obra deste autor.



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Opinião – Tieta do Agreste - Vol.II

Jorge Amado


Titulo: Tieta do Agreste - Vol.II
Autor: Jorge Amado

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 1977

Editora: Planeta DeAgostini
Ano: 2002
Tradutor: n/a
Páginas: 339
ISBN: 9727476368

Sinopse: Sentado à mesa de despachos do prefeito, Ascânio Trindade estuda o programa de festejos da inauguração da Luz da Hidrelética, a ser apresentado à Câmara Municipal para a devida aprovação, em sessão próxima. Cabos e fios devem chegar a Agreste dentro de um mês, mais ou menos, segundo o cálculo dos engenheiros. Ascânio pretende celebração à altura do evento - os postes de Paulo Afonso representam o primeiro, histórico passo do município caminho de volta à prosperidade. Quem sabe, além dos engenheiros, comparecerá algum diretor da Companhia do Vale de São Francisco, um bam-bam-bam da política, do governo federal?

Opinião: Posso afirmar que foi com prazer e bastante divertimento que completei a leitura deste livro de Jorge Amado e acompanhei os momentos finais da visita de Tieta a Agreste, assim como a evolução dos restantes personagens. Já tinha mencionado no meu comentário sobre o primeiro volume que gosto imenso das personagens de Jorge Amado, e que este livro está repleto delas, pelo que seguir a sua transformação neste segundo volume foi deveras interessante. Sim porque com raras excepções como Perpétua ou Bafo de Bode que são constantes, quase todas as restantes personagens sofrem transformações no decorrer da história, algumas bastante marcantes como Ascânio que passa de politico exemplar a corrupto bem intencionado ou Ricardo que de ingénuo seminarista se transforma no sedutor da cidade.

A escrita do autor é típica da época e do lugar o que nos consegue inserir muito bem na história e nos cenários. A forma como nos relato os acontecimentos é muito original e por vezes hilariante, sobretudo nos capítulos em que interrompe a narrativa para nos dar os seus "palpites". Os títulos dos capítulos por vezes conseguiram mesmo arrancar-me uma gargalhada em locais pouco apropriados (um destes dias internam-me :) ).

Resumindo, embora na minha opinião não esteja ao nível de Capitães da Areia ao qual fiquei absolutamente rendida quando o li há alguns anos atrás, é mais um bom livro deste autor, que me proporcionou umas boas horas de leitura, por vezes de pura diversão mas também de reflexão sobre a motivação humana e os erros que por vezes cometemos na melhor das intenções... Por tudo isto recomendo a leitura ou releitura deste livro e a minha avaliação é 


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Opinião – Tieta do Agreste - Vol.I

Jorge Amado


Titulo: Tieta do Agreste - Vol.I
Autor: Jorge Amado

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 1977

Editora: Planeta DeAgostini
Ano: 2002
Tradutor: n/a
Páginas: 325
ISBN: 9727476341

Sinopse: Nesta embrulhada, cujos nós começo a desatar, quem merece nome em placa de rua, avenida ou praça, artigos laudatórios, homenagens, comendas, cidadania, ser proclamado herói? – digam-me os senhores. Aqueles que propugnam pelo progresso a todo o custo – pague-se o preço sem reclamar, seja qual for – a exemplo de Ascânio Trindade? Se pagasse com a vida, teria pago menos caro. Se não forem eles, que outros? Não há de ser a Barbozinha, ou a dona Carmosina, a Dário, comandante sem tropa a comandar, que se confira tais honrarias, muito menos a Tieta, melhor dito, à madame. As palavras também valem dinheiro, herói é vocábulo nobre, de muita consideração.
Agradecerei a quem me elucidar quando juntos chegarmos ao fim, à moral da história. Se moral houver, do que duvido.

Opinião: Este é um daqueles livros que já mora numa das minhas prateleiras há alguns dez anos sem que nunca lhe tivesse pegado. Não sei bem explicar porquê, uma vez que como já aqui tive oportunidade de referir gosto imenso de Jorge Amado. Tardei em pegar-lhe mas de certa forma foi melhor assim porque deu tempo suficiente para me distanciar da telenovela baseada nesta obra que passou na RTP1 por volta de 1990, altura em que as nossas escolhas televisivas eram muitíssimo limitadas. Desta forma embora muitas vezes visualize a Betty Faria quando imagino a Tieta do livro, da história apenas recordava pequenos detalhes o que para mim torna a leitura mais prazerosa.


A história é, para quem não se recorda ou mesmo para quem ainda não era nascido na época, a do regresso de Antonieta Esteves a Santana do Agreste, 26 anos após ter sido expulsa pelo pai por comportamentos menos próprios para a época e para a mentalidade local. E de como esta passa de condenada a heroína local, devido à sua fogosidade, à sua coragem mas acima de tudo ao seu dinheiro.

Das coisas que mais me agradam na escrita de Jorge Amado são as suas personagens, bem caracterizadas, cómicas, trágicas, por vezes exageradas mas quase sempre reconhecíveis entre quem nos rodeia.

Este livro está cheio delas, principalmente femininas, desde a beata Perpétua, à fogosa Tieta, à sonhadora Leonora, passando pela bisbilhoteira Carmosina, ou pela submissa Tonha. Afinal quem nunca conheceu pelo menos uma delas na vida?

Nas personagens masculinas destaco o inocente Ricardo, o determinado Ascânio, o engatatão Osnar, o medroso Astério, ou o impagável bêbado Bafo de Bode.

Gosto principalmente da forma como o autor com o desenrolar da história nos vai mostrando as várias facetas das personagens ou a forma como as mesmas vão evoluindo. Com algumas excepções, as personagens nunca são exclusivamente vilãs ou heroínas, a começar por Tieta que subiu na vida por meios discutíveis, que se envolve com o sobrinho, mas é acima de tudo genuína, corajosa e generosa. São personagens ricas, com os seus defeitos e virtudes, humanas como todos nós.

Quanto ao enredo vou esperar a leitura do 2º volume para me pronunciar, quando já estiver a par do desenrolar e do final da história.

Mas resumindo estou a gostar bastante de ler mais esta obra de Jorge Amado e parto com entusiasmo para o 2º volume.

Para já e com a história ainda a meio a minha nota é:



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Opinião - Farsa de Inês Pereira



Titulo: Farsa de Inês Pereira
Autor: Gil Vicente

Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 1523

Editora: Livraria Popular Francisco Franco
Ano: 1974
Tradutor: n/a
Páginas: 124

Sinopse: Inês, moça simples e casadoura mas com grande ambição procura marido que seja astuto, sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a sua filha, sua educação, incita-a a casar com Pero Marques, pretendente arranjado por Lianor Vaz. No entanto, Inês Pereira não se apraz do filho do lavrador, por este ser ignorante e inculto.

Entram então em cena dois casamenteiros judeus, e Inês se casa com um escudeiro, de sua graça Brás da Mata.
Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido astuto acabou por casar com um que antes de sair para a guerra, dá ordens ao seu moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua.
Meses após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido foi morto por um pastor. Não tarda em querer casar de novo e, nesse mesmo dia, chega-lhe a notícia de que Pero Marques continua casadoiro, de resto como ele havia prometido a Inês quando do primeiro encontro de ambos.
Inês casa com ele logo ali e, já no fim da história, aparece um ermitão que se torna amante da protagonista.
O ditado "mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube", não podia ser melhor representado do que na última cena da obra, quando o marido a carrega em ombros até ao amante, e ainda canta com ela "assim são as coisas".

Opinião: Não lia Gil Vicente desde a época de estudante e foi com alguma relutância que voltei a pegar numa obra deste autor que não me deixou grandes recordações na altura. Posso mesmo afirmar que me recordo de ter sido um grande "frete" e só o ter lido por ser de leitura obrigatória.

Foi por isso com grande surpresa que dei mim ler esta Farsa de Inês Pereira com bastante agrado e relativa facilidade. Confesso no entanto que para esse facto muito contribuiu a boa introdução/biografia e glossário que este exemplar possui.

Gostei da obra, e de confirmar como vamos mudando com o passar do tempo, até nos interesses literários. É também notável verificar como passados quase 500 anos há temas que se mantêm tão atuais :)



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