Titulo: Farsa de Inês Pereira
Autor: Gil Vicente
Titulo Original: n/a
Ano de Publicação Original: 1523
Editora: Livraria Popular Francisco Franco
Ano: 1974
Tradutor: n/a
Páginas: 124
Sinopse: Inês, moça simples e casadoura mas com grande ambição procura marido que seja astuto, sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a sua filha, sua educação, incita-a a casar com Pero Marques, pretendente arranjado por Lianor Vaz. No entanto, Inês Pereira não se apraz do filho do lavrador, por este ser ignorante e inculto.
Entram então em cena dois casamenteiros judeus, e Inês se casa com um escudeiro, de sua graça Brás da Mata.
Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido astuto acabou por casar com um que antes de sair para a guerra, dá ordens ao seu moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua.
Meses após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido foi morto por um pastor. Não tarda em querer casar de novo e, nesse mesmo dia, chega-lhe a notícia de que Pero Marques continua casadoiro, de resto como ele havia prometido a Inês quando do primeiro encontro de ambos.
Inês casa com ele logo ali e, já no fim da história, aparece um ermitão que se torna amante da protagonista.
O ditado "mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube", não podia ser melhor representado do que na última cena da obra, quando o marido a carrega em ombros até ao amante, e ainda canta com ela "assim são as coisas".
Opinião: Não lia Gil Vicente desde a época de estudante e foi com alguma relutância que voltei a pegar numa obra deste autor que não me deixou grandes recordações na altura. Posso mesmo afirmar que me recordo de ter sido um grande "frete" e só o ter lido por ser de leitura obrigatória.
Foi por isso com grande surpresa que dei mim ler esta Farsa de Inês Pereira com bastante agrado e relativa facilidade. Confesso no entanto que para esse facto muito contribuiu a boa introdução/biografia e glossário que este exemplar possui.
Gostei da obra, e de confirmar como vamos mudando com o passar do tempo, até nos interesses literários. É também notável verificar como passados quase 500 anos há temas que se mantêm tão atuais :)